Nos últimos dias de setembro, Waldemar Bornhausen Neto assumiu a presidência do Podemos em São José, que também preside a nível estadual. Saiu do PSB, acompanhando outras lideranças, como o ex-deputado Paulinho Bornhausen, o então presidente socialista Ronaldo Freire, tudo devido à intransigência do comando nacional negar assinatura da desfiliação de dois deputados estaduais: Nazareno Martins e Bruno Souza.
Nesta entrevista ao Correio de Santa Catarina, que dá sequência a uma série com presidentes partidários em São José, Bornhausen Neto observa que a eleição de 2018 (presidente da República, governador e parlamento) mostrou que a população não se interessa mais pelos grandes partidos, porque “está procurando os partidos pequenos, como é o Podemos”, afirma.
Correio – Como o Podemos está se preparando para a eleição de 2020?
Waldemar Bornhausen Neto – Queremos ter uma boa nominata de candidatos a vereador, para que possamos ter com isso um grande número de vereadores eleitos. E também um bom candidato a prefeito ou vice.
Correio – Como garantir uma boa nominata a vereador?
Bornhausen – Já temos alguns pré-candidatos inscritos e estamos convidando outros. Chegaremos aos 28 como a legislação eleitoral permite. O que acontece agora é uma dança das cadeiras. Tem muitos que saíram de alguns partidos grandes como MDB, PSD, PP, PSDB e a eleição (de 2018) mostrou que na verdade esses partidos grandes não é a grande saída, a população não quer esses partidos grandes, está procurando partidos pequenos, pessoas comprometidas, não que esses partidos não tenham, mas pessoas que estejam engajadas para concorrer às eleições nesses partidos pequenos. Por isso é que o Podemos virou um partido novo, apesar de não ser novo, mas em São José está se tornando um partido novo, que até então não tinha uma certa representatividade, e com isso estamos atraindo pessoas para que venham para o Podemos, que saiam de siglas maiores e venham para os partidos pequenos e novos como é o caso do Podemos. É o nosso objetivo tanto a nível municipal e de estado.
Correio – Quando o senhor assumiu essa função?
Bornhausen – Assumi recentemente e o meu trabalho agora é regularizar a situação do Podemos, como prestação de contas que estava pendente.
Correio – O sr. era presidente do PSB. Por que saiu?
Bornhausen – Saí porque acompanhei o Paulinho Bornhausen, presidente de honra do PSB, e junto com o Ronaldo Freire, que era o presidente estadual. Eu era tesoureiro do PSB, e com a saída do Paulinho do partido, resolvemos acompanhar nosso líder. Deixamos o partido em maio. O Paulinho havia recebido o convite do senador Álvaro Dias e da presidente Renata Abreu, para que viesse para o Podemos, e o Paulinho, como estava nessa questão litigiosa por conta dos deputados Bruno Souza e o Nazareno Martins com relação ao PSB, ele não quis assumir a presidência e resolveu aguardar a decisão do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) em relação aos dois deputados.
Correio – Já decidiram alguma coisa?
Bornhausen – O litígio continua.
Correio – O que é essa bronca?
Bornhausen – Os deputados queriam sair do PSB. Aí o partido, a nacional não aceitou a saída deles. Quando você pede para sair tem 30 dias para o diretório se manifestar a favor ou contra. Se não houve manifestação, o filiado está liberado. A questão é essa: houve ou não liberação?
Correio – Quantos filiados tem o Podemos?
Bornhausen – É muito pequeno. Pelo que vi na lista do TRE não chega a cinquenta pessoas. É um desafio atrair novos filiados. Hoje o Podemos tem 11 senadores, é a segunda maior bancada, a maior é do MDB com 13. Está se falando muito de Podemos, pessoas nos procuram para se filiar.
Correio – Qual a proposta do Podemos para São José?
Bornhausen – Estamos querendo um prefeito que possa primeiro ouvir as necessidades da população, que possamos construir um plano de governo juntos. O candidato que queremos deve saber ouvir a comunidade.
Correio – Mas o Podemos vai ter candidato a prefeito?
Bornhausen – O Podemos pode ter candidato a prefeito ou a vice-prefeito. Em hipótese alguma serei candidato a prefeito. Uma das premissas que nós temos dentro do Podemos é que o presidente não seja candidato a cargo eletivo.
Correio – Já começou alguma conversa sobre coligações?
Bornhausen – O Podemos, pelo fato de eu estar na base da prefeita Adeliana, sou secretário dela, por isso estamos aguardando um posicionamento da prefeita para verificar qual o candidato que ela vai apoiar, e aí sim poderemos conversar para estarmos juntos, ser vice da chapa que ela apoiar. Eu não gostaria de ter um candidato concorrente.
“Não somos um partido de direita ou esquerda, mas sim de centro”
Correio – Quais as bandeiras do Podemos para São José?
Bornhausen –Uma das bandeiras é o empreendedorismo. Não somos nem de direita e nem de esquerda, somos um partido de centro e entendemos que a forma de ter o desenvolvimento econômico no município é através do empreendedorismo. E isso começa na escola. Então, empreendedorismo na escola e fortalecimento das pequenas e médias empresas, porque as grandes já estão consolidadas, as que sofrem são as pequenas e médias. Tem que haver políticas para incentivar a geração de empregos, a inovação, atrair empresas com inovação, que pagam melhor seus funcionários, para isso precisamos ter mão de obra qualificada. Se tiver empreendedorismo na escola, crianças bem ensinadas, capacitadas, vou ter mercado de mão de obra para poder absorver essas pessoas.
Correio – Como isso será feito na escola?
Bornhausen – Tivemos esse ano um protótipo de escola na Fazenda do Max, a Albertina Krummel Maciel. Duas professoras começaram a oferecer empreendedorismo no contraturno, para crianças do nono ano. Aí é tudo, marketing, economia, finanças, comunicação. São várias disciplinas, dadas num período de quatro meses, uma aula por semana no contraturno de três horas e elas vão no final ter uma feira de apresentação de qualquer negócio. O que acontece muito é que pelo fato de serem crianças que não têm grandes recursos, elas vão justamente na gastronomia, fazem alguns produtos, e começam a vender isso, a despertar interesse na criança em desenvolver um projeto que possa dar retorno e desenvolver o lado empreendedor. Não são todas que têm esse perfil. Estamos falando num universo de mil alunos no nono ano, se conseguir alcançar 20%, despertar o empreendedorismo, estamos falando de 200 crianças que estão saindo para o mercado. Depois, que é o ensino médio, período em que tem uma evasão muito grande, porque é a hora que as crianças precisam ajudar em casa, e às vezes deixam de estudar para trabalhar. Se a criança começa com o empreendedorismo no fundamental, para ela sair no ensino médio e fazer alguma coisa em que seja empreendedora e consiga também estudar ao mesmo tempo, ela sabe que sem o estudo fica mais difícil ainda, ajuda a combater a evasão escolar.
Correio – Alguma estrela nacional do Podemos poderá vir a São José?
Bornhausen – Estamos planejando um evento que terá participação do senador Álvaro Dias para darmos a arrancada. Pensamos em um grande evento em Florianópolis com presenças do Paulinho Bornhausen, Álvaro Dias, Renata Abreu, dos nossos filiados em São José.
Correio – O sr. acumula as presidências estadual e a municipal do Podemos?
Bornhausen – Estou provisoriamente na municipal até criar uma comissão provisória e deixar uma pessoa que tenha um perfil conciliador, de agregar, pois momento é de agregar pessoas que venham de outros partidos para o Podemos. Lembro que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) autorizou a fusão do Podemos com o PHS (Partido Humanista Social).