O partido Novo mal disputou as últimas eleições municipais, em 2016. Foram apenas cinco cidades com candidatos a vereador em todo o país, com sucesso em quatro delas. O número não deverá aumentar tanto para 2020: o partido pretende lançar candidaturas em apenas 68 municípios. Seis dessas cidades são de Santa Catarina, São José inclusa. Isso, porém, é uma estratégia da sigla, que cresce de forma ordenada.
O coordenador do núcleo no município, o empresário Victor Alexandre de Souza, explica como é o processo seletivo do partido, que bandeiras levanta o Novo e demonstra o que pode ser mudado na política local na série de entrevistas do Correio de Santa Catarina com os líderes de partidos de São José.
Correio – Como iniciou a história do Novo em São José e como entrou nele?
Victor Alexandre de Souza – O (João) Amoêdo, com mais 180 pessoas, fundou o partido, uma história que levou cinco anos, e em 2016 trouxemos o núcleo do Novo para São José. Dentro do Novo tudo são metas. Para ter uma ideia, o Novo só terá candidatos a prefeito e vereadores em 68 cidades em todo o Brasil. Ele não visa o poder, ele visa ver quais cidades estão estruturadas para suportar essas ideias do partido. Em SC teremos apenas seis cidades, as três cidades maiores com população acima de 300 mil habitantes, Florianópolis, Blumenau e Joinville, e depois teremos outras três cidades com população menor que 300 mil habitantes mas que lutaram para bater todas as metas que o partido impôs, como as comissões temáticas de análise de problemas do município. Todos esses critérios levaram São José a ser uma cidade que o Novo aposta como boa possibilidade para renovar o município. As outras são Balneário Camboriú e Jaraguá do Sul.
Correio – E como está a preparação em São José?
Victor – Todas as pessoas que querem ter mandato no Novo passam por processo seletivo, é o único partido no Brasil que tem esse processo. Nesse momento em São José temos em andamento o processo seletivo para candidatos a prefeito, com três nomes. É provável que até o final de novembro a gente lance o processo seletivo para vereador, qualquer cidadão pode se inscrever. O processo para prefeito são três fases, estamos na segunda.
Correio – O que envolve essas fases?
Victor – A primeira fase é currículo. O Novo tem uma série de características que o candidato tem que absorver, tem que ter capacidade de gestão e comprovação disso como gestor ou proprietário de algo, com experiência de mais de oito anos, tem que ter noção do papel do cargo em que ele quer ocupar. Na segunda fase faz o alinhamento com o partido, conhecer todas as normativas e depois vai para a fase do município, conhecer e mostrar quais os caminhos que ele vai dar para solucionar os problemas.
Correio – Quem são os três nomes que estão concorrendo à vaga?
Victor – Neste momento a gente prefere deixar em “stand by”, muitas pessoas conhecem os nomes. São dois empresários e um profissional que é gestor.
Correio – Vocês terão nominata completa a vereador?
Victor – Infelizmente no Brasil temos leis bobas que fazem com que a gente perca oportunidades. Tem o 30% de gênero. Gostaríamos de ter a nominata completa, 28 pessoas, mas acreditamos que vamos conseguir chegar a 15 ou 20 nomes.
Correio – Com esse número acredita que consegue fazer legenda?
Victor – O Novo não está preocupado em ganhar, está preocupado em falar, dar uma ideia completamente diferente de todos os outros 35 partidos do Brasil. Nossa preocupação é fazer do jeito certo.
Redução do estado
Correio – Quais as bandeiras que o Novo defende?
Victor – O partido dentro de uma linha geral quer reduzir o estado e crescer o cidadão, que é inversamente ao que temos hoje. Temos um estado muito grande, que tira a liberdade do cidadão de produzir. Precisamos acabar com os privilégios, reduzir custos, investir na gestão dos problemas, livre mercado, trazer o cidadão para a responsabilidade, o indivíduo como formador. Nós temos valores que são muito caros para a gente do partido. São as liberdades individuais, o indivíduo como único gerador de riquezas, todos são iguais perante a lei, o livre mercado e o indivíduo como agente de mudanças.
Sem coligação
Correio – Existe possibilidade de coligação com algum partido? A ideologia do partido conflui com mais algum?
Victor – Não teremos coligação. O partido só coliga com alinhamento total, e nós somos o único partido do Brasil que não usa um centavo de dinheiro público, então é incompatível com qualquer outro partido. Nossa campanha não terá dinheiro público.
Avaliação de São José
Correio – Para São José, o que o Novo vai apresentar?
Victor – São José tem algumas características muito particulares. Somos o quinto PIB do estado e na educação temos 97% das crianças dentro da escola, que é um índice baixo se comparar com Angelina, que tem quase 100%. Isso faz com que a gente chegue na posição 218º no estado, de 295 municípios, não bastasse esse absurdo no Ideb. Nos primeiros anos São José está na posição 162º. Deveríamos ter 100% das crianças na escola, se temos dinheiro para uma universidade. Em São José as soluções já existem, é só trazê-las, mas para isso precisamos fazer uma grande revisão nos contratos. Podemos falar também em salários, R$ 2,4 mil é a média salarial de São José, é baixíssima, porque não conseguimos reter aqui nossos talentos e não conseguimos trazer para São José empresas de valor agregado. Pelo contrário, nós as expulsamos. Podemos citar uma empresa privada de Jaraguá que veio se instalar em São José e foi embora, e deixou bem claro que aqui é o pior lugar para se fazer negócio. É muito difícil empreender na cidade de São José porque ela não é convidativa, e isso faz com que a gente tenha uma renda pessoal muito baixa.
Correio – Qual a avaliação da atual gestão do executivo?
Victor – A minha avaliação é que São José não evoluiu. São José não está colocada na posição que deveria, quarto município, quinto do PIB, e os índices são todos muito ruins, como educação. Não há como trazer para São José uma cidade forte, vigorosa com a educação que nós temos. Em termos de infraestrutura a gente não convida as empresas para vir para cá. A prefeita Adeliana tem alguns méritos, ela paga as contas em dia, só que o dinheiro está sendo colocado no cesto errado, estamos fazendo tudo errado, nossas prioridades são prioridades ruins, e novamente a gente gere a cidade do mesmo jeito de todos os outros mandatos, sem uma visão de longo prazo. De novo estamos com a história do asfalto para que a população tenha a sensação de uma gestão confiável, para que o próximo eleito seja do time vigorante. Não dá para ser assim. A visão de longo prazo é pensar nas próximas gerações e não nos próximos mandatos, na próxima eleição.
Correio – E a câmara de vereadores, qual a avaliação?
Victor – Eu gostaria muito de ver dentro da câmara um liberal, para que ele possa provocar uma discussão nova na câmara. Para aprovar uma lei, qual a pergunta que um liberal faz, que um conservador faz: “porquê sim?”, essa é a diferença. Eu quero ter vereadores que façam a pergunta para votar a favor da lei no que ela ajuda o cidadão de verdade e se a gente fizer isso vai ver que a produção da nossa câmara é pífia. Gostaria de ter vereadores que defendessem o não aumento de nenhum imposto.