A servidora Marcia Regina Geremias Pauli abriu os depoimentos desta terça-feira (2) da CPI dos Respiradores, da Alesc, que investiga a compra de 200 respiradores pelo governo de Santa Catarina.
Pauli é ex-superintendente de gestão administrativa da Saúde. Em quase quatro horas respondendo às perguntas dos deputados estaduais ela repetiu as afirmações que já fizera à Polícia Civil e ao Ministério Público, apontando o ex-secretário de Estado da Saúde Helton Zeferino como o responsável pela definição da aquisição dos equipamentos da empresa Veigamed.
Responsabilidade da escolha
“No meu ponto de vista a decisão foi do secretário levando em conta o prazo de entrega para o período entre 5 a 7 de abril”, respondeu quando questionada pelo relator da CPI, deputado Ivan Naatz (PL). Mais tarde, quando o deputado João Amin (PP) voltou a perguntar sobre a responsabilidade da compra, Marcia foi novamente taxativa. “A negociação foi fechada dia 26 de março pelo secretário Helton, que presidia o Coes”, reafirmou. Ao deputado Fabiano da Luz (PT), ela respondeu que a definição da quantidade e as especificações sobre os respiradores vieram do então secretário-adjunto André Motta Ribeiro, atual secretário.
Coes
A testemunha relatou ainda que “foi um erro” a estratégia de gerir a crise do coronavírus no Coes (Centro de Operações de Emergência em Saúde). “Existia uma tensão alta, um temor de que a propagação fosse de modo muito rápido e que não estaríamos preparados, fazendo com que as decisões fossem alteradas diariamente”, lembrou. De acordo com ela, já na primeira reunião do grupo, em 12 de março, os participantes teriam ouvido tanto do ex-secretário quanto de Motta Ribeiro que “vai morrer muita gente” e que era preciso ter “os equipamentos corretos”.
Ordens
Outro questionamento feito pelo relator da CPI foi como a proposta da Veigamed chegou até ela. “Recebemos pelo Whatsapp do secretário da Casa Civil, Douglas Borba”, respondeu a testemunha. De acordo com ela, o então secretário, que “sempre falava em nome do governador”, passava dados sobre várias empresas deste modo. “Eram fornecedores de testes rápidos, de móveis para UTI, eram várias propostas”, disse ela.
Naatz questionou se havia pressão por parte de Borba. “Para nós, no Coes, vinha no e-mail a orientação para observar que o pedido era do Douglas. Lembro de algumas frases como ‘é decisão de governo, você tem até o meio-dia para atender’ e ‘vocês estão com excesso de preciosismo’”, relatou Marcia. Ainda conforme o depoimento da servidora pública, a intermediação com os fornecedores era feita pelo advogado Leandro Barros, que não tinha nenhuma ligação com o governo, mas teria sido destacado para a função pelo ex-chefe da Casa Civil.
A testemunha surpreendeu os integrantes da comissão também ao afirmar que o governador do Estado mentiu quando disse, em entrevista à imprensa, que não sabia como funcionava o processo de compra dos equipamentos. “Ele faltou com a verdade”, argumentou. Segundo ela, todos sabiam como era o procedimento.
Com informações da Agência Alesc