Famílias do loteamento Benjamin, em São José, são as grandes beneficiadas por um programa de habitação social da prefeitura, que teve mais um passo importante dado nesta quinta-feira (21/3). Foi assinada ordem de serviço para construção de um loteamento que futuramente receberá 217 casas para transferir a comunidade da margem do Rio Forquilhas para imóveis novos, ali perto, em um terreno comprado pelo município em 2023.
Com a assinatura, serão instalados os lotes, com saneamento, abastecimento, iluminação e pavimentação, para posterior construção das casas, que serão doadas à comunidade vulnerável. Desse modo, as famílias sairão de um local de cheias, irregular, sem propriedade efetiva, para imóveis novos e próprios, e também sairão do traçado da pista leste da Avenida Beira-Rio, em construção.
Cada família que tem uma casa no loteamento irregular do Benjamin será transferida para uma casa no novo loteamento construído pela prefeitura. Serão 170 famílias deslocadas para essas unidades futuramente, além de 56 que ganharam apartamentos novos no condomínio Vista Bela, entregues na terça-feira (19).
“A gente teve muita desconfiança de que não fosse acontecer. Como já existia, desde 2017, uma liminar para que tirasse os moradores, porque ali a área verde, então foi construído junto com a prefeitura um acordo, para que tirasse as famílias. A gente começou a ter conversas com a prefeitura. Foram muitas reuniões para chegar no acordo que a gente chegou, de casa por casa”, relata a ex-presidente da associação de moradores do Benjamin, Marilene de Sousa Oliveira. “Com certeza é uma ótima solução”, complementa.
O vice-prefeito, Michel Schlemper contou como foi a articulação com a comunidade nesses anos para chegar na dupla solução, de construir a avenida e deslocar a comunidade.
“Entre os anos de 2017 e 2020 [o loteamento] cresceu muito e estão numa situação sem nenhuma condição humanitária de viver naquele local. Inaceitável, inadmissível que isso tenha ocorrido na nossa cidade. Mas que, com a obra da Beira-Rio, a gente ali abriu uma possibilidade de resolver, de criar uma grande alternativa de mobilidade por um lado, e por outro lado resolver um grande problema social, que seria o realocamento dessas famílias. No início, como a comunidade nunca teve a presença do poder público, houve uma série de desconfiança, mas a gente conseguiu aos poucos colocando às famílias que já aceitassem a sair daquela situação de risco”, contou em entrevista.
Segundo ele, conforme a obra do loteamento for ficando pronta, a construção das casas inicia concomitantemente e assim ir realocando as famílias. “Mais do que se preocupar com data de entrega de obra e com atraso, nós temos que se preocupar com a dignidade e o respeito às famílias”, disse Michel.
O prefeito Orvino Coelho de Ávila, que dedicou um tempo a conversar com a comunidade, estava feliz, e reiterou que essa obra, junto com a entrega dos apartamentos novos, “já vale uma gestão”. Em seu discurso lembrou das dificuldades enfrentadas por sua própria família para ter uma casa própria e como um espaço dá dignidade para os moradores.
Questionado sobre a importância do programa habitacional em São José, que chegará a 313 unidades doadas para famílias carentes com esse loteamento, disse:
“É fundamental e necessário. É uma população esquecida, que tanto precisa e logicamente que acaba tendo que buscar as alternativas de subir o morro, criando problema, colocando suas vida em risco. Fomos contemplados com mais de 200 unidades, que é para sair lá no Horto, através do ‘Minha Casa, Minha Vida’. Daqui a pouco começo as inscrições, então são avanços necessários, que demorou muito, mas que só a Felicidade da comunidade. Você presenciou isso? Não tem dinheiro que pague isso. Vale uma gestão. Nada dá mais dignidade ao cidadão do que ele ter um emprego e ter o seu local, ter o seu endereço, a casinha para chamar de sua”.
As casas ainda serão motivo de novo investimento da prefeitura. Ao total o município vai investir cerca de R$ 43 milhões nesse novo loteamento Benjamin, divididos na compra do terreno (R$ 13 mi), na construção do loteamento (R$ 10 mi) e na construção das casas (cerca de R$ 20 milhões). Dentro de 30 dias também haverá a liberação ao trânsito na pista oeste da Avenida Beira-Rio, em mão dupla. Depois que a comunidade for toda deslocada haverá a finalização da obra na margem oeste.
Por Lucas Cervenka – reportagem@correiosc.com.br
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