Reinehr, em primeira entrevista como governadora, indica que vai melhorar articulação política

Daniela Reinehr tomou posse como governadora interina de Santa Catarina nesta terça-feira (27/10) no lugar de Carlos Moisés, afastado por 180 para responder processo de impeachment. “Novo capítulo de uma história que começou há dois anos”, disse a governadora em coletiva de imprensa após a primeira reunião do secretariado, a qual revelou pouco.

Reinehr (sem partido) prometeu que seu governo será pautado por austeridade, simplicidade, diálogo e legalidade – “mais do que palavras, são compromissos”, disse. O foco, segundo ela, é a retomada da economia.

daniela reinehr em pé em frente a tribuna transparente com microfones e diversos homens de terno e máscara em volta; painel de logos do governo ao fundo
Daniela Reinehr iniciou seu governo interino nesta terça (27) com reunião do colegiado e primeira coletiva de imprensa – Gov SC/Reprodução/CSC

Articulação política

A governadora foi questionada sobre diversas articulações políticas, principalmente a respeito da relação com a Alesc e com o governo federal, mas não foi clara sobre muitos pontos, como seu secretariado: “Algumas situações que estão dando certo serão mantidas e aprimoradas, outra que não foram bem vistas serão melhoradas”. Ela já fez a primeira mudança, na Casa Civil, onde entrou o general do exército Ricardo Miranda Aversa.

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A respeito da liderança de governo na assembleia, também não definiu. Agradeceu o trabalho da deputada Paulinha (PDT), que ocupava o posto até então, defendendo Moisés, mas que agora deixa por divergência com a governadora. “Tenho muito a agradecer à Paulinha, que defendeu o governo e me defendeu, mesmo sem ser minha amiga e termos diferenças em diversas questões”. Questionada sobre qual o perfil deve ter o novo líder, falou que o nome será “construído com os deputados, evidentemente que em afinidade com a nossa visão de governo”.

Com o governo federal, diz que vai cobrar mais investimentos em infraestrutura. A aproximação com o governo federal, ainda mais por ser da linha bolsonarista, faz com que Daniela projete visitas de ministros e embaixadores, o que, para ela, significa que não poderá continuar morando na residência oficial de vice-governadora, no bairro Itaguaçu. “A residência não tem condições de receber autoridades, ministros, o próprio presidente. Pessoalmente eu não gostaria de submeter os meus filhos a mais uma mudança, mas a parte institucional é muito importante. Tem muitos representantes que precisam ser recebidos à altura”. Ela não confirma a mudança, mas diz que essa infraestrutura de hospedagem estará disponível de alguma forma.

Pandemia, pai e impeachment

Sobre a pandemia diz que nunca foi a favor da generalização e do “fecha tudo, e que é para isolar os doentes e não os saudáveis: “defendo que o médico é quem deve cuidar do paciente. As pessoas devem procurar o médico assim que tiver sintoma. É ele que vai determinar qual o melhor tratamento”. Também disse que não haverá mais medidas restritivas e que prefeituras têm autonomia para decidir.

Daniela Reinehr também foi questionada a respeito do posicionamento de seu pai, Altair Reinehr, apontado como negacionista do holocausto e defensor de ideias neonazistas. “Eu acabei de ser julgada pelos atos de terceiros. Não quero ser arrastada por atos de terceiros e convicções de terceiros. As minhas convicções são muito claras, que coloco nas redes. Que eu seja julgada e avaliada pelo que eu faço”.

Questionada se os processos de impeachment contra Moisés foram justos, disse que não cabe à ela julgar. “No momento que os atos foram apartados, atitudes de cada um, eu realmente eu tive alcançada a justiça que acreditei. Eu como advogada não posso deixar de acreditar na justiça. Graças a todos envolvidos no processo, fui absolvida”.

Aqui a entrevista na íntegra.

Por Lucas Cervenka – reportagem@correiosc.com.br

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