Dois problemas em diferentes frentes da saúde pública afetam os serviços na Grande Florianópolis. Um é escabroso: infestação de ratos na maternidade Carmela Dutra, no Centro da capital; outro é ainda mais preocupante: a falta momentânea de médicos nas unidades móveis de saúde, as ambulâncias do Samu.
Sobre a presença de inúmeros roedores grandes na Carmela, a denúncia partiu de uma coleta pelo deputado Bruno Souza, que descobriu que pacientes acabam entrando em contato com os animais.
De acordo com a averiguação do deputado, há relatos de pacientes, feitos à maternidade, sobre o frequente aparecimento dos roedores dentro do prédio. Um dos episódios ocorreu em 28 de outubro, quando a acompanhante de uma das parturientes foi surpreendida com um rato passando sobre os pés. No dia seguinte, uma situação ainda pior: ao sentir algo mexendo na cama, uma das pacientes acionou a equipe de enfermagem, que encontrou um rato entre o colchão e o lençol. Há ainda registros dos animais pelos corredores da maternidade.
Nesta semana, o parlamentar se reuniu com a direção da maternidade, que vem atuando para solucionar o problema. Por meio de contrato de 2016, a unidade tem o serviço de desratização que ocorre quinzenalmente, mas que não é suficiente para impedir a infestação de ratos.
Em nota ao Correio, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) afirma que o contrato vigente tem término em 28 de fevereiro de 2022 e que, para resolver a questão dos ratos, atualmente está aberto um novo edital (nº2201/2021) para contratar empresa de desratização.
Samu sem médicos
Mais grave ainda são as consequências da gestão da empresa OZZ Saúde no Samu de Santa Catarina, na iminência de sair do comando. Como é notório, há meses o serviço terceirizado do serviço móvel de urgência tem muitos problemas em todo o estado por conta da má gestão, apontada pela SES e pelo Tribunal de Contas como deficitário.
Agora, na Grande Florianópolis, há uma situação potencialmente danosa: faltam médicos nas ambulâncias, que contam, por ora, apenas com enfermeiros.
De acordo com a SES, é responsabilidade da OZZ Saúde contratar os médicos para o Samu. Na falta de profissional para substituir o que está no plantão, diz a secretaria em nota, esse não pode abandoná-lo porque fere o código de ética médica.
“A SES, como gestora e fiscalizadora do contrato, já está tomando as medidas administrativas e judiciais cabíveis para manter o serviço ativo, até porque honra mensalmente as obrigações contratuais. É importante destacar que a população catarinense jamais ficou e ficará desassistida, garantindo o acesso a qualquer cidadão que precisar do SAMU SC, que é essencial e uma referência no país”.
A OZZ Saúde faturou, ao longo de 4 anos gerindo o Samu catarinense, nada menos que 468 milhões de reais (chegando à 12ª posição no ranking de fornecedores do estado) e, próximo do fim do contrato, em dezembro, deixa o serviço cheio de problemas com o risco de alguém morrer por falta de médico na ambulância.
Por Lucas Cervenka – reportagem@correiosc.com.br