A prefeita de São José, Adeliana Dal Pont (PSD), deu entrevista ao Correio SC nessa semana sobre os impactos da pandemia no município, a retomada do pacote de obras e a atuação junto ao governo do estado no combate ao coronavírus.
Correio – Como foi a retomada dessas obras municipais e qual o cenário agora?
Adeliana Dal Pont – Nós programamos todas essas ações desde o ano passado, no lançamento do pacote. A previsão de entrega de muitas dessas obras era para março e abril, mas com a pandemia houve um atraso. Assim que foi possível, através do decreto que permitia obras públicas, nós retomamos e estão bastante aceleradas. Era importante a prefeitura manter essas obras porque está se tratando de muitos operários de empresas, e a retomada fez com que muitos trabalhadores conseguissem manter seus empregos. Nós estamos com a parte dos asfaltos toda em andamento. Na semana passada entreguei sete reformas de escolas, ginásios de esportes, como o do loteamento Luar. Na semana passada entregamos o Centro de Saúde do Real Parque, dei ordem de serviço para começar a reforma do Centro de Saúde do Bela Vista, e visitei a policlínica de Barreiros, onde montamos as salas de pequenas cirurgias e também iniciou a montagem de aparelho de raio-x. Espero que até setembro ou outubro muitas dessas obras estejam entregues.
Correio – O teatro Adolpho Mello vai ser entregue junto com a Casa de Cultura? Qual a previsão?
Adeliana – Acho que primeiro fica pronto o Teatro, em setembro, mas a diferença não é muito entre um e outro. O primeiro que ficar pronto já é entregue, infelizmente talvez não com a presença das pessoas. Todas as entregas tenho feito somente com a presença do secretário da pasta, com todo o cuidado que o momento requer.
Cobertura de saúde
Correio – São José iria neste ano alcançar 100% de cobertura de saúde municipal. O que falta?
Adeliana – Com essas novas unidades, todas as regiões estão com uma unidade de referência. Com a abertura de novos serviços a gente fica com o serviço de saúde estendido para todos os cantos da cidade. Nós ficamos dez anos sem construir um centro de saúde em São José. Nesses anos que estou aqui entre obras novas e obras reformadas vamos chegar a 16, sendo que são oito centros de saúdes novos que foram construídos.
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Correio – Para a continuidade das obras havia dinheiro garantido?
Adeliana – Tudo que entrou nesse pacote (Mãos à Obra) já estava garantido. Claro que a saúde agora teve um gasto muito maior do que eu previa, tanto que de EPI o que a saúde gastou em abril foi o equivalente ao ano passado inteiro. Mas estamos ajustando, tirando outras coisas para garantir a saúde. Agora nos próximos anos não será preciso investimento com a construção, mas será necessário o investimento com o custeio disso.
Entrave no auxílio federal
Correio – Com a ampliação dos serviços de saúde e educação, abrem mais cargos no município?
Adeliana – Na saúde a Lei Federal permite que abra, mas estaremos com dificuldades na educação porque o decreto governamental (de auxílio aos estados e municípios) não autoriza, e na Fecam entramos com esse pedido ao governo federal. O governo federal agora na pandemia acenou com auxilio aos municípios, mas a contrapartida dos municípios é não dar aumento aos servidores e não ampliar o número de servidores, apenas para compensar aposentadorias, então é um grande embate, além de que nos últimos seis meses de governo eu não posso ampliar o gasto com pessoal, então estou com o limite deste mês para contratos.
Queda na arrecadação
Correio – Antes da pandemia São José estava financeiramente tranquilo com arrecadação própria de 52%, e agora qual é o quadro e a perspectiva para o ano?
Adeliana – Agora a gente ainda não consegue saber muito bem porque os reflexos vão começar a aparecer. Temos que esperar mais um ou dois meses para uma avaliação mais completa. ICMS teve uma queda enorme, ISS ainda mais, que a prefeitura no inicio da pandemia prorrogou esses pagamentos para que o pequeno empresário pudesse sobreviver. Então teve mês aqui que foi zero. Eu espero poder honrar todos os compromissos, não deixar de pagar nada. A gente não sabe quanto mais dura a pandemia. De nossa parte eu tenho que avaliar a receita e diminuir muito a despesa. Vou priorizar as obras em andamento e o salário dos servidores.
Trabalho com o governo de SC
Correio – Na saúde não foi um impacto tão grande. O impacto maior aqui é financeiro?
Adeliana – Na saúde não foi tão grande porque primeiro os municípios trabalharam muito. Eu fui convidada pela Fecam para representar os municípios e fazer uma interlocução com o governo, porque nós não conhecíamos, e agora a gente entende porque a gente não conhecia, qual eram as estruturas dos hospitais e o que o estado estava pensando em levar de respiradores e leitos hospitalares para as regiões. A minha função era fazer o estado se organizar para isso e levar a informação aos prefeitos, porque a gente ficava sabendo pela imprensa. Imagine à noite você ficar sabendo que no outro dia teria que tomar a providência. Minha função era essa interlocução, que infelizmente não aconteceu. Eu fui colocada num grupo que estava estudando as liberações, mas eu insisti que essas deveriam estar acompanhadas da estrutura de cada região e os setores no governo do estado não conseguiram se entender. Não tinha razão eu ficar lá para ver se iam liberar primeiro a oficina ou primeiro a lavanderia. Fui ajudar a interlocução para não continuar os prefeitos serem comunicados pela imprensa, mas infelizmente o governador não entendeu isso.
Correio – Esse grupo era para ter poder maior?
Adeliana – A gente não queria ter poder, a gente não queria que o governo fizesse bobagem e agora quando começou a aparecer respirador, EPIs, que a gente entendeu porque toda pergunta que se fazia – “quantos respiradores vamos ter? Quanto disso vai ter? O que o estado vai distribuir de EPI para as prefeituras?” –, essas respostas não haviam, como não tem até hoje. Do governo do estado as prefeituras não receberam nada. Agora com essas compras de respiradores da Weg é que está havendo distribuição e EPI o estado não deu para ninguém, teste o estado não deu para ninguém, ele redistribuiu o que o Ministério da Saúde mandou. E aí começou cada prefeito tendo que se virar. Então a pandemia não foi pior em Santa Catarina porque as prefeituras trabalharam muito e a população ajudou muito, a população foi muito obediente e muito consciente.
Eleições 2020
Correio – O que a senhora defende sobre as eleições?
Adeliana – Acho que está na hora de pensar numa unificação de eleições, se for agora ou daqui quatro anos, num momento vai ter que unificar. Uma eleição a cada dois anos acho que não é saudável para o país, é muito gasto de dinheiro público, gasto com o TSE. Na eleição de presidente já são cinco votos, não vai fazer diferença para a população votar em sete. Na eleição de 2020 escutei o presidente do TSE falando da dificuldade de realizar por conta da pandemia, e isso é uma realidade, não é nem o dia da eleição, é a preparação da eleição, como o cidadão vai escolher seu prefeito ou prefeita, que é uma pessoa importante para comandar os destinos da cidade, sem ver e sem falar com a pessoa. Vai ouvir as propostas só de forma digital? A eleição de prefeito e vereador é muito próxima da sociedade. A minha preocupação é como serão essas escolhas sem a possibilidade de debates. A gente está no aguardo, talvez se não houvesse unificação, e provavelmente não haverá, seria mais saudável se fosse em janeiro ou fevereiro e não em novembro.