Cerca de R$ 17 milhões foram desviados da Celesc através do superfaturamento no pagamento com empresas conveniadas. Um funcionário da Celesc repassava valores maiores para essas empresas prestadoras de serviços à estatal. Ele fez isso 136 vezes com uma das empresas investigadas. É o que apura a Operação Curto Circuito, deflagrada na manhã desta sexta-feira (2/8) pela Diretoria de Investigações Criminais (Deic), da Polícia Civil.
Foram cumpridos três mandados de prisões temporárias, 20 mandados de busca e apreensão, bloqueios de ativos financeiros das pessoas físicas e jurídicas investigadas, sequestro e indisponibilidade de 23 veículos — dentre eles uma Lamborghini, um Camaro e um Land Rover —, 24 imóveis, sendo alguns de alto padrão, além do sequestro de cinco empresas.
O inquérito da Operação Curto Circuito tem objetivo de apurar a materialidade, autoria e circunstâncias de crime de peculato eletrônico, lavagem de dinheiro e associação criminosa, figurando como vítima a Centrais Elétricas de Santa Catarina S.A., a Celesc.
Os mandados de busca e apreensão foram nas cidades de Curitiba (3), São José dos Pinhais (1), Balneário Camboriú (7), Itapema, Bombinhas, Itajaí (3), Florianópolis (2) e São José (2). Os mandados de prisão foram em Curitiba, Balneário Camboriú e Florianópolis.
O desvio na Celesc
A Celesc celebra contratos com empresas privadas denominados convênios de prestação de serviços. Assim, a estatal cobra e arrecada diretamente na conta de luz alguns serviços de empresas que celebram contratos com a empresa e, após apuração mensal, repassa os valores, descontando as taxas contratuais. Ou seja, os valores desses contratos são cobrados diretamente dos consumidores na conta de energia. A operação levantou que o funcionário em questão alterava manualmente os lançamentos de repasses para convênios do sistema comercial da empresa de distribuição de energia.
Segundo a Polícia Civil, além da apuração dos crimes de peculato eletrônico e associação criminosa, a investigação concentrou os esforços no sentido de identificar o caminho do dinheiro desviado e o patrimônio dos investigados, a fim de responsabiliza-los pelo crime de lavagem de dinheiro, mas, sobretudo, para garantir o ressarcimento da vítima, a Celesc, que, na prática, é toda a sociedade catarinense, uma vez que os valores subtraídos poderiam ter sido empregados em ampliação e melhorias da rede.
Às 10h a Deic dará uma entrevista coletiva com mais detalhes do caso.