Santa Catarina registra desde o começo do ano dez casos de baleias presas em redes de pesca. Só em Florianópolis, cinco morreram enredadas nas praias da capital até a última quinta-feira (8/7). Nas redes sociais, a Polícia Militar Ambiental (PMA) informou que intensificou nas últimas duas semanas a fiscalização aquática na orla catarinense, especialmente de Florianópolis a Balneário Camboriú, onde houve ocorrências de baleias presas – jubartes e francas.
De acordo com a Associação R3 Animal, que realiza o resgate de animais silvestres, 16 baleias jubarte foram encontradas mortas em Santa Catarina somente nesse ano, sendo metade em Florianópolis e cinco em decorrência dos equipamentos de pesca. A última baleia morta na capital, uma fêmea juvenil, encalhou na praia do Campeche na quinta-feira (8/7), enrolada em redes de pesca. Antes disso, duas foram encontradas mortas nas praias da Solidão e da Galheta, em junho. As baleias emalhadas nos equipamentos de pesca podem ficar presas, ou ancoradas, o que ocasiona a morte por afogamento.
Baleias e tainhas
As baleias jubarte migram para a costa brasileira na época de reprodução, que costuma ocorrer de julho a novembro, onde as águas têm temperaturas mais altas e ideias aos filhotes. Neste ano, no entanto, pesquisadores da Epagri as temperaturas do mar tiveram elevação já em abril, o que pode ter influenciado para que elas viessem mais cedo.
A passagem das baleias pelo litoral brasileiro coincide com o período de liberação da pesca de tainha em Santa Catarina, que ano iniciou em maio e vai até o fim de julho. Com isso, pode ocorrer o enredamento acidental dos animais, mas há também casos de enredamento em redes fixas, que são ilegais. Ainda nas redes sociais, a PMA informa que já retirou “toneladas” de redes fixas e que o trabalho continua.
Mais animais em SC em 2021
Em 2021 há um aumento na quantidade de baleias passando em Santa Catarina. Um sobrevoo identificou 29 animais no litoral catarinense nessa semana (21 francas e 8 jubartes), apenas entre Florianópolis e o Rio Grande do Sul. O fenômeno não tem total elucidação. Uma das hipóteses é de que o aumento na temperatura de superfície da água deixa o ambiente mais “agradável” aos cetáceos, que ficam em maior número na costa catarinense. Isso significa, portanto, que há maior probabilidade dos encontros dos animais com os petrechos de sustento dos pescadores, justamente como tem ocorrido, ocasionando na mortalidade dos animais.
Segundo o Instituto Australis, atualmente a população de baleias-jubarte está estimada em mais de 20.000 indivíduos e a ocorrência no litoral catarinense pode ser uma resposta a esse crescimento. Já a população de baleias-franca está estimada em aproximadamente 550 fêmeas reprodutivas.
Mais uma morte de jubarte
Nessa terça-feira (13/7) mais uma baleia foi encontrada morta no litoral de Santa Catarina presa à uma rede de pesca. A ocorrência foi registrada em Itapema, elevando o número para 17 baleias mortas por conta das redes de pesca em 2021.
Por Ana Ritti – redacao@correiosc.sc.com.br