Orvino projeta segundo mandato com mais obras em São José

Fotos: PMSJ/Divulgação

O prefeito de São José, Orvino Coelho de Ávila (PSD), concedeu uma entrevista ao Correio de Santa Catarina, na qual fez um balanço detalhado de sua primeira gestão, falando sobre o resultado das urnas no início de outubro, que lhe deu mais um mandato à frente do poder executivo municipal.

“Acho que o resultado reflete a posição que a população tomou. Os desafios foram muitos, mas o resultado é positivo. Vimos um período de pandemia que não sabia quanto tempo duraria, e que durou cerca de 15 meses. Logo a seguir, enfrentamos uma enchente bastante grande que afetou os 22 municípios da região da Grande Florianópolis. Arrumamos a casa, acertamos as finanças e começamos a trabalhar fazendo projetos e buscando recursos.”

Infraestrutura

Correio: O que foi feito na infraestrutura?
Orvino:
Fazia 20 anos que não se abria uma nova avenida em São José; nós abrimos três. Criamos o nosso anel viário, permitindo que você saísse do (Hotel) Golden, na Maria de Oliveira, e chegasse à BR-281, reduzindo a dependência do josefense de ter como única opção a BR-101, o que dificulta muito, mesmo com a alça de contorno.

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Hoje, vemos que essa melhoria é mais do que necessária, pois continua um fluxo grande de veículos. Fizemos todos os principais corredores da cidade, tratamos a cidade como um todo. Aquela avenida da Nova São José, eu pretendo concluir o que já fizemos até agora neste próximo mandato; ela sairá da BR-281 e chegará à Vidal Vicente, em frente ao CTG, para desembocar na Beira-Rio. Assim, facilitamos o acesso à Beira-Rio, que desafoga nove bairros.

Rua Gerôncio Thives

Correio: E a rotatória do shopping, deu resultados?
Orvino:
Essa do shopping melhorou consideravelmente. Nós estamos concluindo e vamos acertar também a questão do trânsito, que é muito importante. Ali passam 22 mil veículos por dia. É uma judiaria para o cidadão, e há dificuldades de toda ordem. Começamos com quem era mais interessado, que era o Shopping Itaguaçu, responsável pelas maiores dificuldades. Eles nos procuraram para que pudéssemos contribuir com o que iriam fazer. Pediram que eu aprovasse o projeto na Susp, o que fiz prontamente, e acertei com a AM para desapropriar 305 m² da AM Construções.

Conversei com a empresa e o seu Antônio, numa demonstração de respeito à cidade, como empresário responsável que é, doou o terreno. No entanto, começaram a criar problemas quando o projeto já havia sido aprovado, querendo voltar atrás. Pediram que eu fizesse uma declaração de utilidade pública da área para não pagar imposto. Fiz a desapropriação, mas eles recorreram à justiça. Ganhei a primeira vez, ganhei a segunda, mas tive que destravar no Tribunal de Justiça, o que atrasou um ano e meio. A questão pública já é demorada; se houver esses entraves, a situação se complica.

Obras em andamento

Temos várias outras obras em andamento. Por exemplo, a ligação da Angelo Bigolim, que liga a lateral da BR à José Lino Kretzer, vai desafogar aquele cotovelo na entrada da Forquilhinha. Isso vai poupar tempo e salvar vidas, pois quem vai ao hospital regional não precisa estar preso no trânsito. Quando chega lá, a ambulância não consegue passar devido às três filas, não sobra espaço para que ela possa recuar. Isso custa vidas. O terreno eu consegui em 2018, quando estive na prefeitura por 30 dias. Acertamos com o seu João Vieira, que doou o terreno de graça. O único pedido dele foi que a rua fosse denominada Angelo Bigolin. Perguntei a ele o porquê e ele me respondeu que era para fazer uma homenagem ao antigo proprietário do terreno.

Mobilidade

A ligação Irineu Comelli vai facilitar muito quem entra em Picadas do Sul, Flor de Nápolis e Jardim Pinheiro. Conseguimos destravar várias pequenas intervenções que facilitam o trânsito. Em cidades como a nossa, mais antigas e que demoraram a crescer, os problemas são imensos. Hoje, 100 mil pessoas passam pelo trevo da Forquilhinha, e 60 mil veículos passam na Arthur Mariano. Isso custa tempo, dinheiro e saúde para as pessoas, além de dificultar a mobilidade.

As intervenções na Beira-Rio destravam praticamente nove bairros e melhoram bastante a situação. Não há como alargar uma rua como a Arthur Mariano devido ao custo disso e ao impacto que causaria nas famílias. Não podemos sair com um trator colocando as casas abaixo. É impossível. Por isso, optamos por abrir a Maria de Oliveira e a Hamilton Ferreira, criando uma nova avenida que sai da Avenida das Torres e conecta na João José Martins.

Judicialização em Potecas

Orvino afirma que pretende fazer mais investimentos em infraestrutura, porém há problemas judiciais: “Precisamos duplicar várias ruas. Já declaramos a dificuldade pública em algumas das principais vias, como a Antônio Jovita, pelo menos até Lisboa, onde conseguimos avançar, e na Quiliano Ramos, até as lagoas de estabilização. Vamos continuar cobrando e brigando junto ao governo do estado. Já judicializamos a questão da lagoa de estabilização, pois aquilo é uma fratura exposta no meio da cidade. A obra está avançando a passos lentos”.

Correio: Qual era o prazo da Lagoa de Estabilização?
Orvino: Era para 31 de maio de 2024, mas está muito fora do prazo, quase um ano. Ela ainda precisa de muitas coisas. A Casan tem um débito muito grande com a cidade de São José. Eles fazem buracos, no mínimo 20 a cada intervenção, e ninguém percebe que são da Casan. Eles precisam nos devolver aquele terreno das lagoas, que tem uma área de cerca de mil metros, para que possamos fazer um grande parque. É uma área em crescimento, e não há espaços públicos suficientes para criar um parque do nível que temos na Beira-Mar, que estamos remodelando aos poucos.

Parques em São José

O prefeito também relata que busca aumentar a quantidade de parques em São José. “Estamos atualmente desenvolvendo três parques lineares: o do Zé Nitro, o Zanellato, que está na fase final e vai melhorar muito a vida das pessoas, e o do Sertão, que acertamos o terreno em uma parceria com a Pedra Branca”. Sobre esse último, relata que era “uma vala degradada e um criadouro de mosquitos. “Fizemos a tubulação, uma pista de caminhada e uma praça no final, que traz uma alegria enorme quando você vai lá no final da tarde e vê as crianças frequentando uma área que antes era inimaginável”. Com outras duas obras – no loteamento Mello e na Rua Geroncio Thives – há cinco projetos em andamente para serem inagurados.

Beira-mar de Barreiros

Correio: Como está a Beira-mar de Barreiros?
Orvino:
Nós tomamos todos os passos necessários para iniciar a Beira-mar de Barreiros, que é um projeto que está em andamento há 40 anos. O projeto foi aprovado, os recursos estão assegurados e, atualmente, estamos apenas aguardando a licença ambiental do IMA. Realizamos a audiência pública no dia 27 de agosto, e nos prometeram que a licença seria liberada em 10 dias, mas eu já sabia que eles iam segurar até após a eleição. Espero que agora recebamos a licença para dar o último trâmite, que é passar no Senado.

Prefeitura de São José apresenta projeto da Beira-mar de Barreiros

Correio: Já vai ter ligação com Florianópolis pela Beira-mar de Barreiros?
Orvino: Olha, Florianópolis começou primeiro do que nós. O projeto de Florianópolis foi feito junto com o de São José, e os recursos vêm da mesma fonte. Espero que Florianópolis acompanhe, mas houve uma travada, que acredito ser por causa da questão da capacidade de endividamento. Porém, isso, mais dia menos dia, vai se resolver e nós faremos a nossa parte.

Correio: Qual é o custo da Beira-mar e de onde vêm esses recursos?
Orvino:
O custo é perto de R$ 300 milhões, e os recursos virão através de financiamento. Este é o primeiro financiamento externo que São José consegue obter, o que demonstra que as nossas finanças estão em dia e a casa arrumada. O problema que Florianópolis enfrenta hoje nós não temos. Na verdade, isso nos possibilitará devolver à Leoberto Leal a sua função original, que atualmente é um corredor semelhante à BR-101 para aquele bairro. Ela deixará de ser um corredor como é hoje. Hoje, a Leoberto Leal parece que não é nossa; na verdade, é uma ligação da Grande Florianópolis para chegar à capital.

Avenida das Torres

Correio: E a Avenida das Torres, alguma intervenção?
Orvino:
A Avenida das Torres nós temos que começar a projetar. Estamos trabalhando junto ao Ministério dos Transportes para que seja feita a passagem da avenida por cima, ligando à 282, como era o projeto original. Lógico que isso é uma obra federal. Nós vamos continuar trabalhando e cobrando; já fomos a Brasília algumas vezes, eu e o vice, Michel, para que isso evolua.

Avenida Presidente Kennedy

Correio: A Presidente Kennedy, para entrar na Beira-mar, só vai conseguir retornar ali na Cassol. Existe algum estudo para mais acessos?
Orvino:
Estou trabalhando junto àquele local onde era o posto Ipiranga, ali o Castelo, que comprou. Estou trabalhando para acertar e fazer uma saída ali, que é mais ou menos no meio, para não precisar vir até a Cassol.

Saúde

Correio: Quais os avanços que considera na saúde?
Orvino: Na saúde, nós evoluímos bastante. Pegamos as unidades de saúde que funcionavam anteriormente até as 19 horas, no governo anterior à prefeita trouxe o atendimento para as 17:00, e nós levamos 10 unidades até às 22:00, o que resultou em um aumento de 40% no atendimento. Isso desafoga as policlínicas e o Hospital Regional, facilitando também a vida do cidadão.

Em 10 de março de 2023, apresentamos o projeto da UPA Norte, que será em Areias. Também já iniciamos uma parceria público-privada, onde era a antiga Univali, para a construção de um hospital municipal. Acredito que uma cidade com cerca de 300 mil habitantes merece ter um hospital para chamar de seu.

Correio: Como está a questão da UPA de Areias?
Orvino: Nós iniciamos a licitação, que é para o local onde deveria sair o hospital do câncer. O terreno era da prefeitura, e havia uma lei que previa a doação para a construção do hospital. Eu trouxe de volta e recuperei mais de 200 mil metros de área pública nesses quatro anos, o que é extremamente importante. A área da Forquilhinha soma mais de três mil metros, e os 140 mil metros onde era a antiga Univali já somam 170 mil só em duas áreas. Além disso, a área que estamos considerando é em torno de 6.000 metros, e uma infinidade de outras áreas que conseguimos trazer de volta. Ao todo, ultrapassamos 200 mil metros que foram incorporados novamente ao patrimônio da prefeitura. Apenas isso representa um valor imenso.

Educação

Correio: Na educação, quais as principais conquistas?
Orvino: Na educação, evoluímos bastante. Primeiro, acertamos as várias categorias, que são aquelas responsáveis pelo atendimento ao cidadão e pela arrecadação. A prova disso é que não podemos querer que o cidadão atenda bem quem não tem as condições de fazê-lo.

O uniforme é uma das coisas que mais me dá satisfação; ver as crianças uniformizadas com moletom, camiseta e tênis é algo que as escolas particulares não têm. Eu sei o que é isso, de onde vim e o que passei. Minha primeira camisa de uniforme foi a minha diretora quem me deu, e ela fez isso não com verba pública, mas com o dinheiro dela.

Correio: Como está a fila de espera nas creches?
Orvino: Estamos tratando isso com muito carinho. Por exemplo, agora temos a creche do Solemar pronta, com mais de 330 vagas. Estamos fazendo um complexo no Zé Nitro e Solemar, que vai incluir um CEM e um CEI, além de duas quadras de esportes. Isso aumentará em mais de 700 vagas. Segundo o Marista, que tem uma parceria com a prefeitura e realiza um grande trabalho lá, no próximo ano já precisaremos de mais de 500 vagas. Temos também o CEI do For de Nápoles, que já está em andamento, com mais 330 vagas. Portanto, estamos acompanhando bem e temos que ampliar algumas creches. Aos poucos, vamos avançando.

Segurança

Correio: Como está a segurança?
Orvino: Estamos trabalhando também em relação à guarda. Fizemos o plano de cargos e salários da guarda, uma reivindicação de 20 anos. Além disso, equipamos a guarda, pois é essencial que estejam bem equipados para proteger o cidadão. Na verdade, o objetivo é proteger do bandido, não do cidadão de bem. O cidadão de bem só estará seguro se quem os protege tiver as condições adequadas. Já iniciamos um projeto que aumentará o efetivo em 40%, o que é necessário.

Habitação

Correio: E na habitação?
Orvino: Na questão fundiária, nunca evoluímos tanto quanto na atual gestão. Começamos um projeto, que é um programa de 2010. Até 2021, foram entregues 72 escrituras aos cidadãos. De 2022 até agora, entregamos mais de 1.600. Não há nada mais gratificante do que entregar uma escritura de propriedade a um cidadão, permitindo que ele chame aquilo de seu e faça melhorias sem precisar vender por um preço superestimado. Isso ajuda a organizar a cidade. Aprovamos o plano diretor, que também era uma reivindicação antiga da cidade, e evoluímos bastante.

Secretariado

Correio: Para este segundo mandato, houve uma reforma administrativa? O secretariado continua o mesmo?
Orvino: Precisamos fazer ajustes, é natural. Realizei um governo de dois mandatos devido aos compromissos existentes, e depois de alguém estar na metade do mandato, é sempre mais complicado fazer mudanças. Precisamos ajustar algumas questões, mas primeiro conversarei com a Câmara, iniciando um diálogo com a bancada do PSD, depois com a bancada do MDB, e, em seguida, com os Republicanos e com a União Brasil, para alinhar a parte administrativa com a parte política.

Trajetória política

Correio: O senhor tem uma trajetória de 11 mandatos de vereador e agora vai para o segundo mandato de prefeito. Como foi essa transição do legislativo para o executivo?
Orvino: A gente sempre estranha muito que, por mais experiência que você tenha, uma coisa é muito diferente da outra. O executivo é muito mais prazeroso; ele te possibilita realizar. É uma experiência espetacular, mas a gente demora muito a vestir o traje. Tanto que, por um bom tempo, quando eu descia na Irineu Comelli, eu ainda fazia o contorno lá da câmara. E, de vez em quando, a memória ainda me trai. Quando me perguntam onde é que eu estou, eu digo: “Estou na Câmara.”

Correio: O senhor já tinha pensado em sair candidato a prefeito?
Orvino:
Às vezes me pergunto por que não tentei lá mais atrás, em outro período. Mas já me conformei, pois certamente nada na vida da gente é por acaso. Era o momento que a cidade mais precisava de mim, e eu espero corresponder, contribuir e trabalhar. A minha missão é trabalhar, especialmente por aqueles que são mais pobres e que precisam mais. Sei que não vou fazer tudo, mas cada vez mais meu desejo é atender a todos, de maneira diferenciada e especial, aqueles que mais precisam.

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