Um grupo de militantes do Movimento de Lutas nos Bairros (MLB) invadiu na noite de sexta-feira (17/9) um prédio do Estado localizado na Rua Prefeito Dib Cherem, em Capoeiras, Florianópolis, para iniciar um movimento de ocupação e protesto contra o desemprego e a fome.
De acordo com os organizadores são 100 famílias que se alojaram no local, em geral mulheres negras e mães, trabalhadoras e trabalhadores, crianças e idosos. O movimento foi denominado Ocupação Anita Garibaldi, em homenagem ao bicentenário da combatente do século XIX.
Segundo a organização, o prédio, no número 2998, está abandonado há mais de 10 anos pelo governo do estado. No local foi montada uma creche para cuidado das crianças e uma cozinha coletiva, onde são preparadas as refeições para todos os moradores. Em publicações nas redes sociais os militantes pedem doações para continuar o movimento.
De acordo com o portal de transparência do governo estadual em 25 de maio foi assinada a contratação de uma empresa, ao custo de R$ 37.727,02, para elaborar um projeto de quartel para o Corpo de Bombeiros Militar no imóvel. Os estudos para reforma teriam iniciado em julho.
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Polícia acompanha
No domingo (19) houve um primeiro contato da Polícia Militar com os ocupantes e líderes do movimento para uma conversa. Conforme relatou o major Sell, subcomandante do 22º Batalhão de Polícia Militar, nesse momento a PM vai apenas acompanhar o caso e intermediar possíveis negociações e que não há intenção de retirar os ocupantes do imóvel.
“A ocupação se deu de forma ordeira, não tivemos nenhum tipo de ocorrência vinculada à perturbação, depredação ou qualquer outro ato de vandalismo. A Polícia Militar não vai adotar nenhum procedimento no sentido de desocupá-los ou uma reintegração de posse nesse momento. O que estamos fazendo é um relatório para informar o órgão responsável, o proprietário, que no caso é o governo do estado, e as tratativas vão ocorrer com o governo, com a secretaria responsável. A Polícia Militar pode mediar essas tratativas, mas não vai partir da polícia alguma iniciativa no sentido de retirá-los do local ou qualquer outra coisa. Havendo determinação judicial para ficar ou sair a gente vai fazer o cumprimento legal”, informou o major ao Correio.
O major também afirma que a corporação teve ciência da ocupação a partir da tarde de domingo e que ainda levanta exatamente quantas pessoas estão no prédio.
Por Lucas Cervenka – reportagem@correiosc.com.br