O eleitorado inconformado com o resultado da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para presidência segue bloqueando as estradas em Santa Catarina. Conforme últimos balanços policiais são ao menos 85 pontos de ocupação das vias públicas (43 em BRs e 42 em SCs).
No início da noite dessa segunda-feira (31/10) um dos grupos iniciou investida à base de distribuição de combustíveis da Grande Florianópolis. Sem conseguir acessar um ponto mais próximo do Terminal Transpetro, os manifestantes atearam fogo em pneus próximo da ponte do Rio Biguaçu, em ambos os sentidos.
Os manifestantes exigem que o resultado da eleição nacional seja desfeito de alguma maneira inconstitucional: através de um golpe militar ou com a realização de outra Eleição. Enquanto cada vez mais caminhoneiros engrossam o movimento, por adesão espontânea ou por ameaças, o presidente, Jair Bolsonaro (PL) não emitiu comunicado à nação 24h horas após o pleito.
Abastecimento prejudicado
Com o colapso logístico forçado pela parte mais inconformista do eleitorado, os insumos começam a faltar nas prateleiras de supermercados. Postos da Grande Florianópolis também já estão com os estoques vazios após corrida por abastecimento. O Colegiado Superior de Segurança Pública afirmou durante a tarde que garantiria o abastecimento de combustíveis nas cidades, além de que não estava ciente da possibilidade de manifestações desse porte.
Na manhã desta segunda, cerca de 92 mil doses de vacinas foram enviadas da central estadual de rede de frio, em São José, para serem distribuídas no sul do estado, porém não chegaram ao destino por causa dos bloqueios – segundo a Secretaria de Saúde estadual o motorista resolveu retornar à base para os imunizantes não estragarem parados no bloqueio. Depois desse episódio, a SES informou que suspendeu a distribuição de vacinas.
Transportes de passageiros prejudicado
Muitas viagens rodoviárias de ônibus foram canceladas em Santa Catarina nessa segunda por causa dos bloqueios. Empresas deixaram de emitir novas passagens, passageiros perderam seus compromissos e as viagens que não foram canceladas tiveram atrasos.
Há aproximadamente 20 ônibus, com centenas de pessoas a bordo, em diversos pontos do estado aguardando a liberação das rodovias. Segundo a Secretaria de Estado de Infraestrutura, as operadoras têm prestado o melhor apoio possível aos passageiros, com hospedagem em hotéis e alimentação, onde é possível. 26 empresas estão conseguindo operar, até o momento, sem interferência, mas são do transporte semiurbano. Um ônibus foi parado em bloqueio, mas a policia liberou a passagem e chegou até o destino (Chapecó). Diversas empresas cancelaram preventivamente as operações até a situação se normalizar.
Setor logístico reprova
A Federação das Empresas de Transportes de Cargas e Logística emitiu nota afirmando: “o sistema Fetrancesc reprova atos de bloqueios e impedimentos do tráfego de quaisquer veículos. Ainda cientes de sua responsabilidade social, as empresas do Transporte Rodoviário de Cargas de Santa Catarina informam que não integram quaisquer movimentos de bloqueios de rodovias e pretendem manter suas atividades normalmente. (…) É imprescindível que haja a liberação das rodovias para que ocorra o tráfego normal de veículos”.
O governador eleito, Jorginho Mello (PL), aliado de Jair Bolsonaro, também já declarou contrariedade aos bloqueios. Porém, o próprio ainda não conseguiu contato com seu padrinho político desde o resultado da Eleição.
PRF
Em um movimento crescente de ocupação das estradas e colapso logístico a Polícia Rodoviária Federal é questionada porque promoveu tantas blitzes no dia das eleições e, desde o início do locaute não tem dado uma resposta mais eficaz contra os bloqueios. Nessa segunda vídeo flagrou um agente da PRF afirmando a manifestantes em Palhoça que não haveria ordem do comando para liberar as estradas: “A única ordem que nós temos é para estar aqui com vocês”, diz aos ocupantes da BR-101, que comemoram. Segundo o inspetor Cristiano Vasconcellos, em entrevista à CBN nacional, apenas alguns agentes não poderiam desbloquear a estrada e a busca é por negociação pacífica.
Em todo o país, com registros de bloqueios em todos os estados, houve liberação de alguns pontos pela PRF, porém os manifestantes apenas se deslocaram para um novo local.
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Por Lucas Cervenka – reportagem@correiosc.com.br