Catarinenses têm recebido ligações de telemarketing dizendo que um certo pré-candidato ao governo do estado, se eleito, pretende extinguir definitivamente as Agências de Desenvolvimento Regional, responsáveis pela gestão descentralizada das estruturas e serviços do governo, incluindo Saúde e Educação. Até aí tudo bem. Consideradas por alguns como desnecessárias, onerosas e cabides de emprego – e por outros como essenciais para aproximar a gestão pública da realidade de cada região – há validade na discussão sobre sua eficácia e necessidade.
O que mancha a iniciativa do pretenso candidato é o uso do marketing telefônico para divulgação de suas ideias, mesmo que travestidas de “pesquisa de opinião”. Desde 2014 o telemarketing é proibido pelo TSE como ferramenta de aproximação com eleitores, decisão que foi ratificada há pouco, em maio de 2018, quando o STF decidiu, por ampla maioria, manter a proibição.
Segundo os ministros, a abordagem telefônica invade a privacidade dos cidadãos, uma vez que estes podem ser escolhidos e até rastreados através do seu celular, além de, obviamente, não terem solicitado e tampouco autorizado a intervenção eleitoreira.
Voltando ao tal pré-candidato, não vou declinar-lhe o nome, mas, trata-se de um político experiente e dos mais fortes, parlamentar e presidente do seu partido. Conhecedor, portanto, de todos os meandros da lei eleitoral.
Resta a pergunta: Se um político, para chegar aos eleitores, burla a lei, dá para confiar que, se eleito, mudará o comportamento e agirá honestamente?
São José e a buraqueira
Circular pelas ruas de São José, principalmente nos bairros um pouco mais afastados, é uma aventura digna de ser feita com veículos off-road, tal a quantidade de buracos, mesmo em vias asfaltadas. Para complicar, como a maioria das vias é estreita, não é possível desviá-los, tornando o caminho uma prova de resistência à suspensão do carro e à paciência dos ocupantes.
Às vezes, no asfalto, o buraco não é do tipo acidental, decorrente de infiltração ou abertura para serviços subterrâneos, mas causado pelo desnível entre o pavimento e a tampa de algum bueiro, que deveria ter sido nivelada, mas, ovbiamente, não o foi. Ou então, pior: há casos (crianças, eu vi!) em que as demarcações de pista foram pintadas por cima – e por dentro – dos buracos, denunciando que, sim, alguém da administração municipal viu o problema, mas não deu a devida importância.
Nas ruas adjacentes às principais, com menor tráfego, a preocupação do Poder Público parece ser, também, proporcionalmente menor. Já vi buracos enormes, abertos em ruas calçadas com blocos de concreto, que inviabilizam a travessia, e que, segundo moradores, estão lá há meses, sem que os órgãos responsáveis atendam à demanda da população pelo fechamento.
Enquanto isso, boa sorte com a manutenção do seu carro. E não atrase seus impostos.
Dê a mão para o futuro
A campanha de educação ambiental iniciada pela Prefeitura de São José, fruto de parceria com a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC) e com a Associação de Catadores do município, é uma iniciativa pra lá de louvável. Pretende, em nove semanas, ampliar a consciência da população sobre a importância da destinação correta do lixo e rejeitos, aumentar o volume de materiais recicláveis e diminuir o percentual de rejeito gerado nos empreendimentos.
Tem algo, entretanto, que não vi na descrição do projeto, mas que considero da maior importância: conscientizar os catadores sobre o péssimo impacto ambiental causado por eles mesmos, ao descartar parte do material que recolhem, mas que não são aproveitáveis, nas vias públicas ou mesmo no leito de riachos, como nas cercanias do viaduto, na divisa entre São José e Florianópolis.
Talvez fosse melhor ensiná-los a concentrar os materiais rejeitados em um só local, com lixeiras ou contêineres, onde a prefeitura recolha e descarte, ao final de cada dia. O meio ambiente, o nariz e os olhos dos pagadores de impostos agradecem.
Jacaré no esgoto
Leitores alertam para possível problema ambiental decorrente da poluição da Baía Norte, na ilha. Há semanas, o trecho do manguezal do Itacorubi, entre o Shopping Iguatemi e o início do calçadão da Beira-Mar Norte, denuncia, com seu cheiro quase insuportável, que os esgotos que chegariam na orla foram desviados para o banhado, ao menos até que as obras de canalização até a estação de tratamento terminem.
Nada que prejudique, efetivamente, as plantas aquáticas lá existentes, já que são preparadas para absorver o excesso de nutrientes orgânicos. A preocupação fica, então, com a população de jacarés residente no local, bem como aves e outros animais. Estes podem, segundo hipóteses, estar sendo irremediavelmente contaminados, com alto risco à sua saúde.
Alguém, na Casan ou na Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento, esqueceu de pensar nisso. Fica a dica.