Jorginho cita dragagem de rios como ação ambiental frente às mudanças climáticas

    Governador reconhece que mais um evento de chuvas extremas pode alterar políticas públicas

    Santa Catarina enfrentou mais um evento de chuvas extremas, apontando para um cenário de que mudanças climáticas já estão em curso e impactando de forma real a vida das pessoas.

    Levantamento do governo estadual considera que o evento de chuvas na primeira quinzena de outubro foi dois mais significativos na história de Santa Catarina: 53% dos municípios foram afetados, impactando 3 milhões e 600 mil pessoas, aproximadamente. Dados da Defesa Civil mostram que no auge de precipitações foram registrados 456mm de chuva no Alto Vale do Itajaí.

    Entre os prejuízos estão seis mortes relacionadas às chuvas, cerca de 30 mil pessoas que precisaram sair de casa e perdas estimadas até agora em R$ 1,2 bilhão (divididas em R$ 361 milhões em perdas materiais, R$ 31,6 milhões em investimentos privados e mais de R$ 800 milhões em propriedades). Prejuízo no setor agrícola pode ser de mesma monta.

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    Em coletiva nesta segunda-feira (23/10) o governo do estado relatou esses dados, a importância da previsão e dos alertas sobre condições extremas e o anúncio do pacote de socorro social e econômico para recuperação dos impactos das enchentes, que pode alcançar R$ 650 milhões.

    Porém a abordagem pouco tratou das “origens” do evento, um desastre natural, provocado por condições anormais do meio ambiente e o que governo do estado pode fazer, ainda que as forças atmosféricas sejam de escala global.

    Governador reuniu secretariado para anunciar pacote de socorro após impactos das chuvas
    Em coletiva, Jorginho apresentou pacote de socorro após impactos das chuvas, mas com poucas ações na área de mitigação ambiental – Foto: Lucas Cervenka/CSC

    Questionamos o governador, Jorginho Mello, qual a perspectiva de sua gestão para o ambiente. Ele reconheceu que há mudanças climáticas e relatou principalmente que está buscando orçamento federal para dragar rios para evitar enchentes e que pode construir um plano junto aos municípios. Confira a resposta completa.

    Correio SC – Considerando que é um desastre natural e que mais eventos podem ocorrer, quais ações na área ambiental podem ser executadas pelo governo estadual? Esse evento pode alterar a percepção das políticas públicas sobre mudanças climáticas?

    Jorginho Mello – Claro que pode. É uma pergunta interessante. Tenho falado então com fa prefeita Milena agora há pouco. Vamos fazer uma grande cruzada com a Fecam, com os municípios de Santa Catarina, para a gente consiga fazer limpeza de nascentes, de córregos, de pequenos rios, enfim, para que a gente ajude ele a seguir o seu o seu caminho, sem muito obstáculo. Vamos fazer, eu vou me dedicar muito. Já fui à bancada federal, já fui à presidente do orçamento de 2024, já fui ao relator, que é um deputado federal, do PL do Rio de Janeiro, Luiz Carlos Mota, para colocar recursos, assegurar recurso no orçamento para que a gente consiga fazer dragagem. Nós temos é uma das grandes, isso passou a ser um plano de estado, não mais um plano de governo, para que a gente consiga minimizar os impactos é de dragar rios. Já vendo com o IMA para onde é que vai tirado do rio, qual o impacto que vai dar. Enfim, então, o secretário Guidi, que está aqui, eu disse a ele que nós precisamos ter estudos, levantamentos em sintonia com a Defesa Civil, com cada município para saber o que que nós podemos fazer para melhorar. Porque nós estamos, essas tragédias vai acontecer sempre, porque está mudando o clima. Cruzou frio com calor. Você veja bem no Norte e no Nordeste, lá tá rio secando e aqui nós temos com excesso de chuva. Então é necessário de forma responsável, preocupada, nós cuidar do meio ambiente que está afetando todos nós.

    Representantes do governo do estado também relataram na coletiva que serão feitos estudos em um grupo de trabalho para que Santa Catarina seja mais resiliente frente ao clima; ações de outros estados serão analisadas como referência. Entre outras atribuições, o grupo “Proteção Levada a Sério” também vai discutir a operação das barragens.

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    R$ 7 bilhões em perdas em 2022

    Dados da Defesa Civil estadual apontam que somente no ano passado Santa Catarina sofreu 865 desastres naturais, dos quais 17 eventos foram de grande porte, com mais de 50 municípios registrando danos. Além das perdas de vidas, os prejuízos desses eventos climáticos chegaram na casa de R$ 7 bilhões. Os dados demonstram que o estado já está sob um novo clima e que ações de mitigação devem ser consideradas, além dos gastos com auxílio após os impactos.

    Por Lucas Cervenka – reportagem@correiosc.com.br

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