Há duas semanas o Hospital Regional de São José estava passando por problemas de goteiras e alagamento, com falhas em tubulações. A ausência de manutenção faz com que partes de corredores e móveis fiquem molhados em dias chuvosos. A Secretaria de Estado da Saúde (SES) havia dito que fecharia um contrato na semana passada para corrigir esses problemas, o que até agora não aconteceu. A pasta também explicou que, por ora, está descarta a desmobilização da UTI Covid para remontagem da emergência pediátrica.
A principal unidade de emergência do SUS da Grande Florianópolis continua em situação sofrível. Em março o hospital passou por dois episódios de apagão, no auge da crise de lotação por Covid, e agora depende de intervenção efetiva na estrutura para evitar mais transtornos.
Segundo a SES na semana passada não houve a assinatura do contrato de manutenção, que aguarda deliberação do grupo gestor do governo. A pasta afirma que está trabalhando de forma célere para atender as demandas das unidades próprias. No caso da manutenção predial do Hospital Regional de São José, a secretaria afirma que aderiu a uma ata de registro de preços, cujo edital foi lançado pela Secretaria de Estado da Educação (SED).
Além disso, a direção do Hospital Regional de São José (HRSJ) informa que já trocou os canos de conexão de cobre que estavam rompidos no 4 º andar substituindo por canos de polipropileno copolímero random (PPR). A troca dos canos que ocasionou o problema nas escadas também está sendo realizada. A direção afirma que “está empenhada em resolver o problema o mais breve possível”.
Emergência pediátrica
Vereadores e prefeitura de São José também solicitaram, no início agosto, o retorno do funcionamento da emergência pediátrica ao Regional, no lugar da UTI Covid, já que a ocupação caiu e não há mais necessidade dos leitos dedicados para tratamento da doença pulmonar.
Citando a preocupação com a variante Delta do coronavírus, o governo do estado afirma que, por ora, a UTI Covid do Regional não será desmontada para voltar a dar lugar à UTI Neonatal: “este não é o momento de desmobilizar os centros de atendimentos à Covid-19, pelo contrário, entende-se que o momento é de reforço e atenção”, explica a Secretaria de Saúde.
Conforme explicação da pasta, o contexto da desmobilização da emergência pediátrica do Hospital Dr. Homero de Miranda Gomes parte da época da criação do hospital, quando não havia na Grande Florianópolis uma estrutura de atendimento básico às crianças e que, no cenário atual, ofreu grandes modificações, seja através do atendimento nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) quanto nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAS). Assim, explica a secretaria, a emergência pediátrica do HRSJ atendia apenas casos leves, sem leitos de UTI infantil, apenas neonatal e não sendo referência para atendimento de alta complexidade.
Quando a pandemia aconteceu, foi acordado entre Estado e municípios que as demandas de atendimento desse grupo da população seriam absorvidas pelas redes municipais, como a UPA da Forquilhinha, que tem o mesmo nível de atendimento.
Voluntários continuam arrecadando
Enquanto o governo não põe o investimento suficiente para melhorar o Hospital Regional, voluntários continuam o trabalho de arrecadação para melhorar as condições das duas unidades (Regional e Instituto de Cardiologia, anexo). Dois bazares foram progamados para angariar recursos para a manuteção predial. Um pela associação de funcionários, que ocorreu em 17/9, com arrecadação de R$ 89 mil, outro pela família Koerich, em 22/9.
MPSC apura apagões
Conforme apurou a reportagem, existe um procedimento aberto na 11ª Promotoria de Justiça de São José, do Ministério Público de Santa Catarina, a partir de representação do Conselho Regional de Medicina e do Sindicato de Trabalhadores da Saúde de Florianópolis, visando apurar a falta de energia elétrica ocorrida no Hospital Regional de São José em março. A promotoria investiga possíveis prejuízos aos pacientes e profissionais da unidade. Segundo o MPSC, foram solicitadas informações aos órgãos envolvidos e agora o procedimento aguarda análise da Promotoria de Justiça.
Por Lucas Cervenka – reportagem@correios.com.br