Flor catarinense rara ganha mudas e cuidados para conservação

    Commelina catharinensis
    Commelina catharinensis: espécie só foi encontrada em Laguna e Palhoça - Foto: IMA/Divulgação/CSC

    Com o objetivo de assegurar a sobrevivência e a reprodução da rara planta Commelina catharinensis e evitar sua extinção, o Instituto do Meio Ambiente (IMA), o Instituto Tabuleiro e outros parceiros desenvolveram um programa de manejo específico para a conservação da espécie, encontrada somente no litoral de Santa Catarina. O trabalho busca localizar outras populações da planta e envolve a coleta de partes ou sementes para reprodução em viveiro e posterior plantio em áreas protegidas.

    As atividades de reprodução da espécie em viveiro começaram em maio de 2021 em parceria com o Viveiro Camarinha. Em junho de 2022, foi realizada a primeira fase de introdução, com o plantio de 25 mudas dentro da área do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro. Em 8 de fevereiro mais 65 mudas foram levadas para a Baixada do Massiambú e plantadas em áreas de restinga, em um ambiente similar ao das populações raras conhecidas.

    A Commelina catharinensis é uma espécie que só existe em Santa Catarina, encontrada em duas áreas de restinga em Laguna e Palhoça. No entanto, não há registros recentes em Laguna, sendo que a única ocorrência conhecida se limita às duas populações encontradas na Baixada do Massiambú em Palhoça, ambas dentro dos limites de unidades de conservação integral.

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    “Por conta dessas características, a ‘comelina’ se configura em uma espécie única e extremamente vulnerável, por isso a importância de se criar um programa de conservação único para ela, que mitigue seus possíveis impactos e reduza o risco de extinção”, explica o biólogo do IMA, Marcos Eugênio Maes.

    Marcos ainda destaca que o Programa de Manejo é um dos primeiros realizados pelo IMA e que após este piloto, tende a se expandir e contemplar outras plantas com elevado risco de extinção e distribuição restrita ao Estado.

    A bióloga Mônica Gomes, do Instituto Tabuleiro é responsável pela execução do projeto e conta como foi o período de reprodução vegetativa da planta em viveiro antes das mudas serem levadas para o plantio. “Quando iniciamos o projeto estávamos com receio no sucesso da produção de mudas, pois temos poucos indivíduos na natureza e encontrar sementes era tão raro, que evitamos retirá-las do ambiente natural. Por esse motivo optamos por testes de produção de mudas por meio de estacas e, com apenas 3 ramos conseguimos obter 3 indivíduos que chegaram em estágio reprodutivo. Para nossa surpresa, sob cuidados em viveiro as mudas produziram sementes que nos permitiram germiná-las e produzir as 90 mudas que já foram plantadas”, explicou Mônica.

    O programa da Commelina vai monitorar populações, continuar a produção de mudas, realizar novo plantio na primavera, buscar novas populações e avaliar o status de ameaça da espécie.

    Programa de manejo da Commelina catharinensis
    Programa de manejo busca aumentar a população da rara espécie de Santa Catarina – Foto: IMA/Divulgação/CSC

    Commelina catharinensis

    Os primeiros registros da planta datam da década de 1970 na região de Laguna. Essa espécie do gênero Commelina só foi descrita em 2016, a partir de novas coletas de indivíduos na Praia do Sonho, em Palhoça. Na época houve incursões para averiguar se ainda persistiam exemplares na área de ocorrência em Laguna, porém sem serem encontrados. Os especialistas avaliam que a planta desapareceu em muitas regiões do litoral devido ao crescimento urbano.

    Após pesquisas de cientistas catarinenses, dentre eles o professor João de Deus e Luiz Funez, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), constatou-se que se tratava de uma nova espécie para o estado. Até então só havia conhecimento de espécies de Commelina com flores azuis na região; a catarinense possui pétalas brancas.

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