Santa Catarina vive o colapso no sistema de saúde, provocado pelo aumento no número de casos de Covid-19 e de internações. A transferência de pacientes para o Espírito Santo e abertura de leitos clínicos e de UTI foram insuficientes para conter a demanda. A fila por vagas de leitos de UTI estava em 363 pacientes nesta segunda-feira (29/3). Nesse cenário, a Secretaria de Saúde (SES) decidiu adotar um protocolo que estabelece quem tem prioridade na fila por UTIs, dando preferência para os mais saudáveis e com alta probabilidade de recuperação, sem especificar a faixa etária.
O protocolo partiu de recomendações da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib), Associação Brasileira de Medicina de Emergência (Abramede), Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) e Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP). O documento da SES, publicado no último dia 26, recomenda que, com o esgotamento de recursos da UTI e de ventiladores mecânicos por conta da pandemia de Covid-19, a admissão em UTIs devem seguir os critérios divididos em cinco prioridades.
Na prioridade 1 da fila por UTIs, de acordo com o protocolo, estão pacientes que necessitam de intervenções de suporte à vida, com alta probabilidade de recuperação e sem nenhuma limitação de suporte terapêutico. Na 2, pacientes que necessitam de monitorização intensiva, pelo alto risco de precisarem de intervenção imediata, e sem nenhuma limitação de suporte terapêutico. Na 3, pacientes que necessitam de intervenções de suporte à vida, com baixa probabilidade de recuperação ou com limitação de intervenção terapêutica. Na prioridade 4, pacientes que necessitam de monitorização intensiva, pelo alto risco de precisarem de intervenção imediata, mas com limitação de intervenção terapêutica. Por fim, na 5, pacientes com doença em fase de terminalidade, ou moribundos, sem possibilidade de recuperação.
Na prática, os serviços de saúde já seguiam esses critérios para escolher os pacientes. A adoção do protocolo apenas oficializa e dá segurança aos profissionais. O objetivo é de “tornar transparente e impessoal os critérios de eleição de pacientes para ocupação de leitos” e “retirar das mãos de profissionais que estão na linha de frente do cuidado a responsabilidade de tomar decisões emocionalmente exaustivas”, além de dar segurança aos profissionais em potenciais questionamentos jurídicos.
Por Ana Ritti – redacao@correiosc.com.br