Ensino superior particular em Santa Catarina: Educação de qualidade ainda é privilégio de poucos

Por Mohamad Abou Wadi

Santa Catarina se destaca como um dos principais polos educacionais do Brasil. É o estado que possui o maior percentual de alunos em instituições de ensino privado (86,4%), e com o menor percentual de alunos na rede pública (13,4%), segundo a 14ª edição do Mapa do Ensino Superior no Brasil, do Instituto Semesp.

No entanto, a educação particular no estado tem enfrentado desafios complexos, especialmente no que diz respeito a garantir que o ensino de excelência seja acessível a um número maior de estudantes.

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Faculdades de alto nível, por sua natureza, exigem infraestrutura moderna, professores qualificados e metodologias inovadoras, fatores que elevam os custos operacionais. Esse cenário coloca as instituições particulares diante do dilema de proporcionar uma educação premium sem que as mensalidades se tornem inatingíveis para boa parte da população.

O impacto de uma educação superior de qualidade vai além da formação individual do estudante. O mercado de trabalho e, consequentemente, a economia catarinense, se beneficiam de um sistema educacional robusto.

Prova disso é o saldo de contratações de profissionais com curso superior em Santa Catarina durante 2024, que somaram 6.614 vagas, representando o terceiro maior número absoluto no Brasil e quase o dobro do registrado em 2023, de acordo com dados da Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (Facisc) nas estatísticas do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho.

Isso reforça que quando as instituições de ensino alinham seus currículos com as demandas do mercado, o resultado são profissionais mais preparados para atuar em setores fundamentais, como saúde, tecnologia e inovação. Isso tem um efeito direto na qualificação da força de trabalho e na competitividade dos setores econômicos locais.

No caso catarinense, o estado ocupa a terceira posição no Brasil em termos de escolarização de jovens entre 18 e 24 anos no ensino superior, com uma taxa de 33,7%, superando a média nacional de 25,5%.

Esses números também refletem a crescente valorização do ensino superior na formação de profissionais que atendem às demandas de uma economia dinâmica.

Além disso, a unidade federativa está se tornando um exemplo de como equilibrar instituição superior de qualidade e acessibilidade. Faculdades inovadoras têm adotado metodologias disruptivas e focadas em um ensino prático desde o início do curso, conectando seus currículos com as necessidades do mercado.

Essas abordagens justificam o investimento do aluno no ensino superior particular, pois, ao longo da formação, ele recebe as ferramentas necessárias para se destacar no competitivo mercado de trabalho.

Então, como democratizar a educação à médio prazo?

Além da necessidade de uma verba bem direcionada para a educação do estado, com garantia de obras de manutenção, inovação na infraestrutura das instituições públicas e abertura de mais vagas, acredito que a educação particular também deveria receber auxílio para inclusão de alunos que não conseguem pagar mensalidades.

As universidades federais e estaduais não conseguem suprir toda a demanda de jovens ingressando no ensino superior.

Essa carência pode ser resolvida com a participação de universidades e faculdades do setor particular, seja com auxílio na cobertura de uma parte da mensalidade do aluno ou em outras formas de incentivo. Programas de fomento educacional, além de parcerias com empresas, precisam ser práticas cada vez mais comuns.

Essas iniciativas ampliam as oportunidades e tornam o estudo mais inclusivo. É essencial refletir sobre a importância da qualidade do ensino como um pilar do desenvolvimento do país.

Contudo, essa qualidade precisa estar atrelada à inclusão, de forma que mais estudantes possam receber uma educação de ponta sem que isso comprometa a sustentabilidade das instituições. Buscar um modelo equilibrado entre excelência e acessibilidade é crucial para o fortalecimento do ensino superior e para o desenvolvimento do estado.

Instituições que conseguem alcançar esse equilíbrio não apenas se destacam no mercado educacional, mas também desempenham um papel fundamental na construção de um futuro mais promissor para Santa Catarina e para o Brasil como um todo.

* Mohamad Abou Wadi, autoridade influente no meio da educação e saúde do país, é fundador e chairman do Grupo Kefraya, Presidente do Conselho de Administração da UniAvan, fundador e CEO da PIB e fundador e conselheiro da LifeUnic.
Em 2022 foi secretário de planejamento do Município de Balneário Camboriú (SC).

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