O ex-diretor-geral do antigo DER Telmo Fernando Mattar de Souza foi ouvido, na manhã desta quinta-feira (30/5), em mais uma reunião da CPI da Ponte Hercílio Luz, na Alesc. A comissão investiga possíveis irregularidades nas obras de recuperação da estrutura, em Florianópolis.
Conforme o relator da CPI, deputado Bruno Souza (PSB), o ex-diretor foi o responsável pela assinatura de três contratos referentes a obras na ponte, nos anos 1980.
Telmo de Souza informou à comissão que as decisões com relação à ponte eram tomadas com base em manifestações da parte técnica do antigo DER, em conjunto com o governo e a Secretaria de Estado de Transportes. Ele afirmou ter confiança nas informações que eram passadas a ele pela equipe técnica do órgão.
“Eu não participava diretamente do dia a dia das obras na ponte, mas tinha confiança naquilo que a equipe técnica estava fazendo”, comentou.
O depoente também disse que os procedimentos de manutenção na ponte eram periódicos. Já com relação à reforma da Hercílio Luz, embora o DER, como autarquia, tivesse autonomia administrativa e financeira, quaisquer decisões eram tomadas apenas com a concordância do governador e do secretário responsável pela pasta.
Ao ser questionado sobre contratos celebrados com as empresas Roca e Usimec, o ex-diretor afirmou ter dificuldade de se lembrar de detalhes, porque foram assinados há mais de 30 anos.
“Os contratos eram feitos no formato obra por administração contratada. A empresa contratada era paga pela mão de obra fornecida e ela comprava os materiais conforme surgia a necessidade. Tudo isso era fiscalizado e tinha acompanhando da equipe técnica do DER”, informou o ex-diretor.
Ao final do depoimento, questionado pelo deputado Jessé Lopes (PSL), Souza negou que houvesse ingerência política nas decisões sobre as obras da ponte. Ele também se colocou à disposição dos membros da CPI para ter acesso à documentação que é analisada pela comissão.
Outros engenheiros também foram ouvidos
Na tarde de quarta-feira (29/5), o membros da CPI também ouviram o depoimento de dois servidores do antigo DER.
O engenheiro José Mauro Lopes Pereima, servidor aposentado do DER, foi o primeiro a ser ouvido. Ele atuou como fiscal de conservação e manutenção da Hercílio Luz, no final dos anos 1980. Segundo ele, os estudos e projetos elaborados à época pela UFSC para a recuperação da ponte, embora tenham contribuído, não foram aprofundados o suficiente para possibilitar a plena reabilitação da estrutura e sua reabertura para o tráfego.
Pereima reconheceu que foi responsável por um documento encaminhado à direção do DER recomendando a retirada das chapas que sustentavam a cobertura asfáltica da ponte por gradis.
Já o engenheiro Flávio Volpato trabalha há 42 anos no DER e no Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra). No final dos anos 1980, foi diretor de Operações do antigo DER. Ele afirmou aos membros da CPI que permaneceu dois anos e meio no cargo e teve uma participação muito pequena no acompanhamento das obras da Hercílio Luz.
Volpato afirmou, ainda, que, embora estivesse como diretor de Operações, cabia a ele apenas encaminhar as demandas referentes à ponte às instâncias hierárquicas superiores, como a presidência do DER e o secretário responsável pela Pasta.
CPI da Ponte Hercílio Luz
A próxima reunião da CPI da Ponte Hercílio Luz ocorre na próxima quarta-feira às 17h com novos depoimentos. A estimativa é de que ainda sejam ouvidas dezenas de pessoas nos próximos meses. Os depoimentos seguem uma ordem cronológica; abordaram primeiramente contratos e ocasiões mais antigas, para depois passar para as intervenções e obras mais recentes.