O próximo governador do estado, independente de qual seja eleito, precisará ter coragem e assumir a tarefa de estancar o vazadouro de dinheiro que é a interminável restauração da Ponte Hercílio Luz.
Se o projeto do IPUF (Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis) é priorizar a utilização da ponte para pedestres e ciclistas, por que tanto dinheiro está sendo gasto ao longo da extensa história da obra?
Por quê planejar utilizar a passagem – que deveria ser só um belíssimo cartão postal – para desafogar o trânsito da capital, se, com o mesmo dinheiro, provavelmente seria possível construir outra moderna ponte de concreto?
O novo governador terá que ter vontade política e atitude firme para contrariar certos interesses e admitir que, somado tudo o que foi e será gasto na reforma ao que será investido na estrutura viária da cidade, para permitir-lhe o uso por ônibus e automóveis, irão pelo ralo recursos importantes, que poderiam ser investidos em obras de estrutura viária que realmente serviriam para amenizar os problemas com o trânsito da região metropolitana.
O caminho correto é, no meu entender, fazer somente o necessário para manter a ponte em pé. Ela não precisa e nem merece ter que aguentar o peso da modernidade sobre si. Sua função social original já se cumpriu. Ela se aposentou com louvor, e não merece que a tiremos do descanso merecido e a ponhamos para trabalhar pesado de novo. Conserte-se o que for possível, troque-se algumas peças importantes, e deixemos que ela seja um registro histórico de uma época de ouro da Ilha de Santa Catarina.
Que sirva para passeios a pé ou de bicicleta, e já estará cumprindo maravilhosamente sua função. E sem ainda mais gastos estúpidos a lhe manchar a bela história.
Poluição, só que chique
Enquanto isso, anda a passos rápidos a finalização do projeto que concede o uso da Beira Mar Norte para a construção de uma grande marina, destinada a virar playground de milionários enfastiados em busca do prazer do exibicionismo.
E consumindo dinheiro público, sim, porque o projeto motivou a Casan a investir alguns milhões na despoluição da área. O local, uma vez despoluído, não se tornará uma praia balneável, já que, com a instalação para receber centenas de barcos, lanchas e similares, estará sujeito a uma nova forma de poluição, ainda mais nociva: óleo, combustíveis e outros derivados de petróleo, rejeitos de pesca, etc. Enfim, em vez de nos firmarmos como paraíso ecológico, estamos cada vez mais perto de nos tornarmos uma Baía de Guanabara, só que fria e mais pobre. Poluída e fedorenta, só que chique.
Marketing eleitoral
A baixa qualidade dos programas eleitorais deste segundo turno, principalmente a das candidaturas a governador, deixa claro que o ramo do marketing político precisa se atualizar. Velhas fórmulas de sedução aos eleitores estão sendo usadas à exaustão. Todos são felizes e corretos, todos transmitem a impressão que, com pouco esforço, acordaremos em 2019 em uma viagem lisérgica, enxergando o mundinho dos catarinenses colorido e aquecido pelo sol. Um imenso e coletivo comercial de margarina.
Queridos, em tempos em que a crueza das mensagens em grupos de Whatsapp substituiu até mesmo a importância da verdade na construção do ideal social, pouca gente ainda se deixa iludir com histórias pessoais bonitinhas e promessas de felicidade geral da nação.
Lixo na avenida
As obras que estão sendo realizadas pela Comcap junto ao viaduto da Avenida Josué di Bernardi estão conseguindo reduzir o volume de lixo deixado pelos catadores. Longe, porém, do ideal.
Uma opção interessante, caso possível, seria a instalação de uma mini-usina de reciclagem próximo ao local, com acesso permitido aos moradores e frequentadores do entorno. Um local assim, talvez administrado por uma empresa que garantisse a compra dos materiais trazidos pelos catadores, teria potencial tanto para tornar o local menos insalubre, quanto para promover cidadania e algum tipo de dignidade àquelas pessoas. Fica a dica.