Após 10 meses de entalhe, lapidações e polimentos, a canoa de garapuvu esculpida por Lourival Medeiros (Val) terá sua estreia no Centro Histórico de São José neste domingo (3/11).
O artista, já conhecido por moldar o barro, se aventurou na antiga arte canoeira para reavivar a tradição, amparado por orientações de mestres canoeiros que seguiram todo o processo, desde o corte da árvore, na Enseada de Brito. Agora, a canoa Neném – uma homenagem à mãe de Val, Maria do Carmo Medeiros, ou Dona Neném – tocará a água do mar.
A partir das 10h, um cortejo sairá do Beco da Carioca, local do ateliê de Val, rodará as praças do Centro Histórico, e desembocará no mar. A inauguração será um teste da embarcação com a vela e uma prévia da nova edição da Corrida de Canoas, que ocorrerá em 23 de novembro.
De acordo com o artista, o desafio foi maior que imaginava, mas vencido com a ajuda dos demais mestres canoeiros. “Quando comecei a fazer o trabalho percebi a imensidão do barco, mas fui perdendo os medos, vendo que era possível, ouvindo os mestres, muito importante pra entalhar, e ganhei confiança”, diz Val Medeiros.
Depois da inauguração e da corrida, o processo de confecção da canoa de garapuvu será tema de um livro, com toda a técnica artesanal descrita, permeado de poemas e depoimentos dos envolvidos. “Quero que a cultura se mantenha e que fique algo para os próximos conhecerem como se faz uma canoa de um pau só”, conta. Com o livro pronto, Val Medeiros pretende percorrer o litoral catarinense com a canoa lançando a obra e expondo a madeira em cidades de base açoriana, em que a cultura canoeira teve grande importância, como Laguna e São Francisco do Sul.