As perspectivas do possível acordo de livre comércio firmado pelos países do Mercosul com a União Europeia foram tema de debate nesta terça-feira (13/8) na Alesc. O acordo ainda depende da aprovação dos legislativos de 28 países europeus e quatro sul-americanos para ser efetivado.
Para Maria Tereza Bustamante, da câmara de comércio exterior da Fiesc, o pacto será benéfico aos empresários catarinenses, que terão oportunidade de uma maior inserção das empresas do estado no cenário internacional.
Para a especialista em direito comercial internacional, o acordo vai abrir um mercado com 28 países altamente compradores, com grau de importação alto. “Se a indústria catarinense, com a diversificação que possui, qualidade, desenvolvimento e sabedoria que nosso empresário tem, dando o passo de aumentar a competitividade, vai angariar um crescimento extraordinário.” Ela lembra que o acordo vai além da abertura de negócios, que é o principal foco, mas prevê toda uma inserção do empresariado local com países mais organizados economicamente e ações baseadas em aspectos políticos (legislação, políticas públicas) e de cooperação (cibersegurança, combate à corrupção e ao crime organizado, não proliferação de armas).
Maria Tereza Bustamante citou que os principais riscos para a indústria são o aumento da concorrência global no mercado interno, aprovação unilateral do acordo (sem contrapartida ou demora na aprovação de outros países), aplicação do princípio de precaução (saúde e segurança, produtos agroindustrializados), dificuldade no cumprimento de normas sanitárias e técnicas, exigência de cumprimento das medidas de meio ambiente e segurança e a inércia governamental em apresentar soluções para problemas que estão em sua alçada, entre os quais estão, por exemplo, a reforma tributária, a infraestrutura e logística e linhas de financiamento para pequenas e microempresas.
Há também perspectivas de desafios para economia de Santa Catarina. Ela observou que a indústria catarinense vai concorrer diretamente com produtores extremamente organizados, que têm tecnologia avançada, capital disponível, normas e regras estabelecidas com segurança jurídica e que, acima de tudo, são indústrias que partem de planejamento estratégico e que o comércio internacional faz parte de sua decisão estratégica.
Para a especialista, o empresário catarinense tem que estar preparado e que será uma oportunidade para a internacionalização dos produtos do estado. Ela salientou que o programa de Internacionalização da Indústria Catarinense, promovido pela Fiesc, defende que as empresas do setor adotem a mesma estratégia das empresas europeias.
O presidente da Comissão do Mercosul, deputado Fernando Krelling (MDB), avaliou a reunião como positiva e lembrou que o acordo do Mercosul com a União Europeia foi construído em 25 anos de negociações e chegou em um momento em que o Brasil adota uma política econômica de caráter liberal. “Por isso a importância de nós ouvirmos uma especialista para falar deste acordo que vai mexer com a economia catarinense. Santa Catarina tem muito a ganhar com esse mercado de mais de 700 milhões de consumidores.”