A SCGás, companhia estatal responsável pela distribuição de gás natural no estado, está com chamada pública aberta para renovar os contratos de suprimento até março de 2020. Com os novos acordos, a previsão é de que haja ao menos 12% de elevação na tarifa do gás em Santa Catarina, aplicados 4% em janeiro e 8% em julho.
A informação já havia sido antecipada em seminário na Fiesc em 18 de outubro. O percentual de reajuste real será calculado após a conclusão da chamada pública da SCGás, com a definição dos fornecedores. Na última fase de escolha concorrem as empresas Petrobras, Shell, Total e YPFB. O fornecimento do insumo continuará a ser da Bolívia, através do gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol).
Nesta quarta-feira (23/10), a SCGás fez novo evento na Fiesc para informar ao mercado industrial quais as perspectivas desse setor energético e para dar transparência ao processo de renovação de contrato. Na oportunidade também foi lançada a frente parlamentar do gás natural da Alesc.
Demandas da indústria catarinense
Segundo Otmar Müller, presidente da câmara de assuntos de energia da Fiesc, as principais demandas da indústria catarinense com o gás natural são a modicidade tarifária, alternativas de fornecimento e transporte e melhoria na regulação de distribuição do insumo.
Em sua apresentação, Müller lembrou que o preço do gás no Brasil está entre os mais caros do mundo – em média US$ 12 (MMBTU) contra US$ 3,13 (MMBTU) nos Estados Unidos, US$ 7 (MMBTU) no México e US$ 6,62 (MMBTU) em parte da Europa, comparou. “Estamos muito deslocados em relação ao custo do mercado internacional de gás”, disse, lembrando que o país vive um momento histórico, com a abertura desse mercado para torná-lo mais competitivo.
O deputado estadual Luiz Fernando Vampiro (MDB), coordenador dessa nova frente, diz que com a quebra do monopólio da Petrobras, com alternativa para entrega do produto, uma série de fatores deverão ser acompanhados pelos membros da frente parlamentar. “Não há dúvida alguma que o gás tem se tornado uma matriz energética forte em Santa Catarina, onde, por exemplo, somente para o setor cerâmico, representa quase 30% do custo, então é um vetor econômico importante, que utiliza uma energia limpa, de alta qualidade, de potencial energético, por isso temos que fazer essa integração”.
Os representantes da Fiesc salientam que o aumento desse custo do gás para indústria pode significar um impacto direto no preço dos produtos em até 25%.
“A frente parlamentar é muito importante, especialmente num momento em que as regras do setor no país estão mudando, com a abertura do mercado. Para isso, é importante termos segurança regulatória e jurídica e regras do jogo bem colocadas. Sem segurança jurídica e regulatória não há investimento. E a frente parlamentar tem muito a contribuir no sentido de fixar boas regras para o desenvolvimento desse setor”, declarou o presidente da SC Gás, Willian Anderson Lehmkuhl.
Atualmente a SCGás atende 62 municípios catarinenses. Nos planos de expansão da companhia para os próximos cinco anos estão novos gasodutos para alcançar e abastecer Lages, Guabiruba, Sombrio e ampliar a rede na capital na região dos bairros Itacorubi e João Paulo.