Pesquisadores do Laboratório de Ficologia da Universidade Federal de Santa Catarina (Lafic), em visita técnica à Lagoa do Peri, no sul de Florianópolis em 10 de outubro, constataram a ocorrência de peixes mortos no local. A lagoa, que abastece o sul e leste da ilha, está com nível baixo, com a linha de água recuada em cerca de 50 metros por causa da estiagem na Grande Florianópolis.
Diante da observação, os integrantes do Lafic formularam duas hipóteses. A causa da morte dos peixes pode ser falta de oxigênio na água (anoxia), devido à severa redução de volume de água, ou a possibilidade de intoxicação por floração de algas nocivas, também devido ao baixo volume de água. Os pesquisadores consideram a possibilidade de intoxicação mais provável.
Em nota pública nesta sexta-feira (11/10), o Lafic informa que em coletas de água, plâncton e sedimentos litorâneos da lagoa no dia 10 foi verificada a presença e altas concentrações de três cianobactérias tóxicas. Essas bactérias, dizem os pesquisadores, são comuns na Lagoa do Peri e representam risco baixo e constante de intoxicação para a fauna e para seres humanos, mas a concentração verificada agora é bem maior do que as concentrações normais.
Essas bactérias carregam a saxitoxina, uma toxina que causa paralisia e pode levar a morte animais e pessoas por ingestão. Para que isso ocorra, porém, são necessárias altas doses em toda a cadeia alimentar e dificilmente alguém que beba a água da Lagoa do Peri terá problemas desse tipo.
Mesmo assim, os pesquisadores recomendam, entre outras medidas, que a população evite o contato com as águas e sedimentos da Lagoa do Peri e que novas análises e acompanhamentos por diversos órgãos governamentais sejam realizados, já que a água do manancial é destinada ao consumo humano.
Prefeitura diz que não procede
Em nota neste sábado (12), a Prefeitura de Florianópolis diz que a “informação divulgada pelo laboratório da UFSC trata-se de um teste isolado, sem que nossos técnicos pudessem de fato avaliar sua veracidade”.
A prefeitura cita a Casan, que diz que a água da lagoa está própria para consumo e lazer pela população. A Floram (Fundação Municipal do Meio Ambiente de Florianópolis) ressalta sobre a importância do uso racional, principalmente nesse período de estiagem.