Santa Catarina registrou a morte de 964 pessoas devido a acidentes de trabalho entre 2012 e 2018. Somente no ano passado foram 121 trabalhadores e trabalhadoras que perderam a vida por causas laborais. O estado catarinense aparece em segundo lugar no ranking de gastos da previdência com benefícios acidentários: R$ 1,628 bilhão.
Os dados foram divulgados pelo Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho (disponível neste link) nesta quarta-feira (24/4) em Brasília.
Nesse intervalo de seis anos foram registradas no Brasil cerca de 17 mil mortes devido a acidentes e doenças relacionadas ao trabalho. A Procuradoria Geral do Trabalho calcula que cerca de 350 milhões de dias de trabalho e 4% do Produto Interno Bruto a cada ano foram perdidos, com gasto previdenciário de aproximadamente R$ 80 bilhões, somente com despesas acidentárias.
“Todos os anos, cerca de 2.500 famílias perdem seu provedor ou provedora em razão de más condições de segurança e saúde no trabalho”, alertou o procurador-geral do Ministério Público do Trabalho (MPT), Ronaldo Fleury, durante apresentação na tarde desta quarta.
Os dados compilados mostram que a maior parte dos acidentes entre 2012 e 2018 no país foram causados por máquinas e equipamentos (15%), atividade em que as amputações são 15 vezes mais frequentes e que gera três vezes mais vítimas fatais que a média geral.
Trabalhadores do setor de saúde tem a maior quantidade de ocorrências registradas (10% dos casos), sobretudo em relação a profissionais de enfermagem e limpeza. Já do ponto de vista das ocupações, os registros predominam entre alimentadores de linha de produção (5,5%), técnicos de enfermagem (5%), faxineiros (3,2%), serventes de obras (2,8%) e motoristas de caminhão (2,4%).
Os números de 2018 (623.786 registros) são significativamente maiores do que os de 2017 (574.053 registros). Além disso, se considerarmos o número médio de empregos com carteira assinada no setor privado em 2017 e 2018, verifica-se que o total de acidentes a cada mil trabalhadores formais cresceu de 17,2 em 2017, para 18,9 em 2018.
No ranking geral, os estados de São Paulo (37%) e de Minas Gerais (10%) lideram as comunicações de acidentes de trabalho (registros), e os gastos com afastamentos previdenciários são maiores em São Paulo (23 %) e em Santa Catarina (10%).
Os 10 setores econômicos com mais comunicações de acidentes de trabalho em SC (2012 a 2018)
Atividade Econômica | Quantidade | % |
Transporte rodoviário de carga | 6070 | 4.81 |
Administração pública em geral | 5171 | 4.1 |
Construção de edifícios | 4756 | 3.771 |
Confecção de vestuário (exceto roupas íntimas) | 4603 | 3.65 |
Comércio varejista de mercadorias em geral | 3988 | 3.16 |
Abate de suínos, aves e outros pequenos animais | 3713 | 2.94 |
Restaurantes e estabelecimentos de alimentação | 2797 | 2.22 |
Fabricação de móveis | 2523 | 2.00 |
Comércio varejista de ferragens e materiais de construção | 2462 | 1.95 |
Limpeza em prédios e domicílios | 1975 | 1.56 |
No estado de Santa Catarina foram registrados 149.089 auxílios-doença por acidente do trabalho (b91) no período. O impacto previdenciário dos afastamentos da localidade foi de R$ 1.628.275.553,79, com a perda de 34.867.139 dias de trabalho.