Na manhã desta quinta-feira (21/3) foi inaugurada a estação de tratamento de esgoto que pretende tornar balneável as águas da orla da Avenida Beira-mar Norte, em Florianópolis.
A chamada URA Beira-mar recebe pela rede de drenagem a água contaminada, tanto por água da chuva, quanto por ligações clandestinas de esgoto no Centro, e a limpa para então ser despejada no mar.
A Unidade de Recuperação Ambiental (URA) tem capacidade para tratar até 13 milhões de litros/dia e foi projetada para livrar da poluição uma faixa de 3,6 km que vai da Ponta do Coral até a Ponte Hercílio Luz. O modelo foi inspirado em projeto semelhante na Califórnia e adaptado pelos técnicos da Casan para o local.
Balneabilidade
A Casan afirma que o processo de descontaminação contará também com a ação das correntes marítimas, dos raios solares e do sal presente na água.
Em 8 de março, quando cessou totalmente o despejo de esgoto no mar, foram iniciadas as primeiras análises laboratoriais para verificar a balneabilidade, que, segundo a companhia, deve levar entre 90 ou 120 dias para apresentar resultados efetivos.
Na inauguração, véspera do dia mundial da água, todas as autoridades presentes enalteceram a obra como a coroação de um momento em alta da Casan. Além da atual presidente, Roberta Maas, estavam os ex-presidentes mais recentes Valter Gallina e Adriano Zanotto, com o governador, Carlos Moisés e a vice governadora, e o prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro, e o seu vice.
Gallina e Maas fizeram discursos enaltecendo e parabenizando os trabalhos dos técnicos da Casan, enquanto que Loureiro e Moisés foram consoantes ao afirmarem que o momento é de baixar as bandeiras políticas e fazer parcerias frutíferas para a população.
Gean aproveitou também para confirmar o engordamento da praia.
Entrevista – Valter Gallina, secretário de Infraestrutura de Florianópolis
Correio – Como “pai da criança”, como foi o processo de buscar um tipo de solução inovadora no mundo para aplicar na beira-mar em Florianópolis?
Gallina – Esse foi um desafio lançado pelo recém-eleito prefeito Gean Loureiro. Ele pediu por uma solução pra tornar aqui a beira-mar balneável. Na época, enviamos técnicos para a Califórnia para avaliar aquele projeto. Mas aqui nós não enfrentamos apenas os desafios técnicos, mas também os incrédulos de Florianópolis, que devido a diversas promessas eleitorais deixaram a população incrédula. Só começamos a falar da obra quando tivemos dados, orçamento e cronograma. Hoje a gente vê com alegria essa obra concluída, que vai trazer mais saúde pra população, mais turismo e desenvolvimento.
Correio – Quanto tempo para ficar despoluída?
Gallina – A gente acredita que de quatro a cinco meses para ficar balneável. Com o engordamento da praia vai ficar um lugar pra todo mundo usar.
Correio – À frente da Secretaria de Infraestrutura de Florianópolis o senhor também tem buscado pelo mundo projetos inovadores para aplicar na cidade?
Gallina – Estamos inaugurando muitas obras estruturantes e de mobilidade nessa semana. Somente em 2019 serão mais de R$ 200 milhões em infraestrutura em Florianópolis. Acho que não tem nenhuma outra cidade do Brasil de até 500 mil habitantes que tem condições de investir até esse ponto.
Correio – Em que pé está a questão da marina?
Gallina – Está em fase de estudos. Acredito que até meados do ano teremos uma posição mais efetiva do projeto, e a partir daí buscar licenças ambientais para lançar definitivamente a licitação.