Santa Catarina se destaca como um bom modelo no sistema de doação de órgãos no Brasil, com taxas de doação acima da média nacional. O estado está em posição de liderança muito por conta do treinamento constante e do desempenho das equipes de comissões hospitalares de transplantes.
Um dos principais fatores para o resultado positivo é a baixa taxa de recusa das famílias dos doadores em ceder os órgãos para transplante – apenas 31% das famílias não autorizam o procedimento, enquanto a média nacional está em 49%. Para essa autorização, as equipes hospitalares de saúde são treinadas para conversar com as famílias, permitindo que outros pacientes sejam salvos.
“O acolhimento das famílias dos doadores é, sem dúvida, o momento mais delicado de todo o processo. A entrevista familiar é o maior desafio, porque famílias tratadas com empatia, com humanidade, com carinho, com cuidado, tendem a doar os órgãos. Quando o tratamento é frio, as famílias rejeitam a possibilidade de doação. Portanto, treinar os profissionais para que executem de modo adequado, humano, empático e acolhedor, todo o seu contato com as famílias, é fundamental para que o sistema de doação tenha bons resultados”, explica Joel de Andrade, médico à frente do programa SC Transplantes.
O Dia Nacional da Doação de Órgãos é marcado nesta quarta-feira (27/9) como forma de aumentar a conscientização sobre a importância da doação e incentivar as pessoas a conversarem com suas famílias sobre o assunto. Segundo Andrade, formalmente não é necessário uma autorização por escrito, basta que a família saiba, pois é ela que dá a autorização após o falecimento. Qualquer pessoa pode doar órgãos e tecidos.
Além da autorização, os recursos para fazer chegar o novo órgão no paciente receptor também importa. Para isso há um setor que gerencia a logística de transporte após a retirada dos órgãos, de modo a fazer chegar o mais rápido possível, evitando a perda do membro. No estado há a disponibilidade imediata para transporte de órgãos aeronaves das forças de segurança, voos comerciais e os veículos em terra.
Números em SC
De janeiro a agosto de 2023, a SC Transplantes, vinculada à Secretaria de Estado da Saúde, registrou 469 notificações de potenciais doadores, com 208 doadores efetivos, o que representa uma taxa de 41 pessoas por milhão no estado, enquanto a média nacional está em 19. Nesse período, foram realizados 1.137 transplantes. Atualmente a fila de espera por órgão em Santa Catarina está em cerca de 1,5 mil pacientes, a maioria necessitando de rim.