Livros catarinenses: conhecer para reconhecer

Há algum tempo, li uma crônica a respeito da ausência de livros de escritores catarinenses nas livrarias de Santa Catarina. Achei muito a propósito a constatação do colunista, ao procurar, em grandes livrarias do centro da capital catarinense e no aeroporto, livros de escritores da terra e não encontrar.

Eu tenho livros meus, na Livraria Catarinense e na Saraiva, mas sei que é muito difícil fazer com que nosso livro tenha alguma visibilidade nas nossas livrarias. Já procuraram livro meu, na capital catarinense, e não encontraram, disseram que não havia – mas fui lá para receber pela venda dos livros que havia deixado em consignação, mas estavam ainda lá. Os livros de autores da terra, a não ser os consagrados, ficam no estoque, bem guardados e muito pouco visíveis.

Já no Rio Grande do Sul, para onde o colunista que abordou o assunto viajou, os escritores gaúchos são privilegiados, estão bem à mostra tanto nas livrarias como no aeroporto da capital, evidenciando a valorização que lhes é conferida. Não é à toa que a Feira do Livro de Porto Alegre é a mais tradicional do país e é esperada e amada por toda a população, é um evento que orgulha todo o povo daquele Estado.

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Mas não sei se a culpa da falta de visibilidade das obras de nossos escritores nas livrarias catarinenses é só das livrarias. Não estou querendo desculpar os livreiros por não deixar nossos livros à vista, mas a verdade é que o leitor não procura o autor regional, prefere os best sellers estrangeiros, e por isso as obras de nossos escritores acabam saindo de vista para dar lugar a livros que vendem. Quer dizer, é um círculo vicioso: se os livros de autores locais não são procurados, cedem lugar aos campeões de venda, que nem precisam ficar à mostra porque vendem de qualquer maneira, mas comércio é comércio e os produtos top de linha tem que estar à frente.

E não é só o leitor que não dá muita importância aos seus escritores, não. Nem todo escritor faz o seu papel para mudar isso. Nós, escritores, precisamos ir às escolas para levar a nossa obra aos leitores em formação, conversar com eles, fazê-los saber que existimos. Precisamos ir às feiras do livro e divulgar as letras da terra. Fazemos muito pouco isso. Se cada escritor visitasse as escolas de sua cidade para mostrar o que está produzindo, para fazer saber que tem livro publicado, os novos leitores cresceriam sabendo que à volta dele há autores surgindo, com chance de ser um bom representante da literatura local, estadual, brasileira, mais adiante, se for lido. Porque escritor é aquele que é lido, não simplesmente aquele que escreve.

As academias literárias também têm o seu papel na divulgação dos produtores de literatura da região e o reconhecimento daqueles que já se destacam é feito através de prêmios que são conferidos nos finais de ano.

Apelo ao público leitor: prestigie as feiras do livro de sua cidade. Conheçam a obra de escritores conterrâneos, avaliem, opinem. Escritores da terra, participem das feiras do livro em sua cidade e vizinhança, estejam lá para oferecer a sua obra, para se tornarem conhecidos. É assim que se chega ao leitor, aproveitando todas as oportunidades.

Por Luiz Carlos Amorim – escritor, editor e revisor, cadeira 19 na Academia SulBrasileira de Letras; fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, com 43 anos de trajetória.

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