O SOS Desaparecidos da Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC) completou dez anos de ações em todo o Estado, ajudando na busca de pessoas que estavam em situação desconhecida dos seus familiares e entes queridos. Nesse período mais de 96% das pessoas foram encontradas e reconduzidas para o seu núcleo familiar.
O subcoordenador do SOS Desaparecidos, subtenente Francioni José Vieira, explica que atualmente a resolutividade é maior por causa da tecnologia. “Hoje temos um sistema de câmera facial, sistema Bravo de registros veiculares para identificar as placas de carros e identificar onde esteve, tem a questão da Polícia Científica pra uso de DNA em questões de óbito, mas os casos de óbitos de desaparecidos são poucos”.
Segundo ele, muitos casos de desaparecimentos são conflitos familiares, pessoas com depressão e alguns têm relação ao tráfico de drogas. “A maioria dos desaparecimentos mesmo são sequestros, a pessoa desapareceu porque sequestraram, e acabam sendo mortos por tráfico de drogas, queima de arquivo, desavença familiar, crime passional, mas é uma minoria que acontece isso. E também tem aqueles que desaparece por saída de indulto de natal, ano novo, eles saem (da cadeia) e não voltam mais, não querem aparecer, mas esse entram também como desaparecimento”, relata o policial.
Um dos casos mais notórios de desaparecimento – e que teve um desfecho positivo – foi o sequestro da menina Fabíola por um casal em palhoça em novembro de 2020. Ela entrou no sistema como desaparecida. Porém, como explica Francioni, há muita desinformação e exagero sobre casos assim. “Existe uma falácia sobre números que não condizem com a realidade. Hoje temos 1421 pessoas desaparecidas em Santa Catarina. Alguns jornais, tvs e documentários falam que 1.500 crianças desaparecem por ano em Santa Catarina, não é verdade. Ou: ΄200 mil desaparecem por ano΄, não é verdade”.
Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2022 mostram que foram 65.225 boletins de ocorrência de desaparecimento em todo o país no ano anterior. O próprio relatório cita que estimar o número de pessoas que desaparecem anualmente “segue sendo um desafio no Brasil, dado que o Estado não publica estatísticas periódicas sobre o tema. Embora a lei que cria o cadastro nacional de pessoas desaparecidas já tenha mais de três anos, até hoje o site do Ministério da Justiça informa que o sistema está em construção”.
No momento Santa Catarina tem 1.421 pessoas consideradas desaparecidas. Dessas, 19 são crianças, 103 adolescentes e 1.299 são adultos. Até hoje, 31.965 pessoas foram reaparecidas, resultando em 95,5% de conclusão dos casos no estado. A lista de pessoas desaparecidas pode ser consultada neste link.
Cerimônia dos 10 anos
O programa SOS Desaparecidos, da PMSC, completou 10 anos em 18 de outubro. Para comemorar a data, foi realizada solenidade na sede do Comando-Geral da PMSC, em Florianópolis, na terça-feira (25).
Receberam homenagens o ex-comandante-geral, coronel da reserva Nazareno Marcineiro, o ex-comandante-geral e atual secretário municipal de Segurança Pública de Florianópolis, coronel da reserva Araújo Gomes, o controlador-geral da PMSC, coronel Zelindro Ismael Farias, o coronel da reserva José Norberto de Souza Filho, o delegado de Polícia Civil da Delegacia dos Desaparecidos, Vanderlei Redondo, além de familiares do ex-tenente-coronel Marcos Roberto Claudino, já falecido. Claudino foi o primeiro chefe do SOS Desaparecidos.
Por Lucas Cervenka – reportagem@correiosc.com.br