Saúde Pública em questão

a fachada do prédio do hospital governador celso ramos, com um logo do governo do estado á frente
Foto: SES/Divulgação

Presenciei uma conversa, esta semana, em que uma das interlocutoras traçava um comparativo entre um aspecto da Saúde Pública na Bahia e em Florianópolis, onde mora atualmente. Disse ela que, naquele estado (não deixou claro qual a cidade), a espera por atendimentos com especialistas é bem pequena, de alguns dias ou semanas, ao contrário da Grande Florianópolis, em que a espera por consulta com alguns profissionais pode ultrapassar dois anos.

Não sei se ela falava a verdade. Difícil acreditar que, em qualquer lugar desse país, a Saúde Pública funcione de forma tão prestativa. Mas, de qualquer maneira, o assunto levou a uma análise da situação enfrentada na área aqui na região.

Os problemas que temos com a falta de atendimento médico, principalmente em especialidades, é pública e notória. Os motivos também. Não adianta nos debruçarmos muito sobre eles. Porém, creio, é importante que não aceitemos prontamente essas explicações. Na verdade, segundo vejo, temos é que destacar os muitos pontos positivos, porque, em comparação com alguns outros países (inclusive desenvolvidos), estamos em uma situação privilegiada.

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Temos um dos maiores planos de saúde do mundo (se não o maior), que atende, desde consultas simples até transplantes, a um universo de mais de 100 milhões de usuários. Segundo os dados estatísticos, este plano, o SUS, realiza mais de 300 milhões de consultas médicas por ano e mais de 2 Bilhões de procedimentos ambulatoriais. Nas ações de maior complexidade, são mais de 10 mil transplantes, quase 300 mil cirurgias cardíacas, 10 milhões de quimio e radioterapias e quase 20 milhões de internações hospitalares.

Dá, assim, para se ter uma pequena ideia do quanto custa manter este sistema? É claro que a corrupção é um problema sério a ser combatido. Porém, mesmo sem ela, os custos que a sociedade brasileira precisa pagar, todos os anos, para que tenhamos este seguro contra infortúnios é imenso. Em um país em crise econômica, vejo como absolutamente natural que haja problemas como os que enfrentamos.

Não quero dizer, com isso, que devemos nos calar e parar de cobrar melhorias. Jamais. O que desejo expressar é a necessidade de pararmos de nos considerar os piores do mundo, tanto na Saúde quanto em outras áreas, e olhar para o quadro com maior distanciamento. Assim, será possível entender que, ao contrário de milhões de americanos, de milhões de ingleses, e de milhões de cidadãos de outros países ditos “desenvolvidos”, nossa vocação para a solidariedade nos coloca em uma posição de vanguarda, pois garante, ainda que precariamente, atendimento à saúde de todos, sem exceção.

O que precisamos, no Brasil de hoje, é de otimismo. O copo está meio-cheio, não o contrário.

Aeroporto

Tudo indica que vamos mesmo pagar o mico de ter um novo e moderno terminal de passageiros no Aeroporto Internacional de Floripa, sem ter como chegar até ele. Com o atraso nas obras, a rodovia não fica pronta em menos de um ano. Talvez mais. Como paliativo, cogita-se construir somente duas pistas, para quebrar o galho, enquanto os responsáveis se debatem nas próprias incompetências. Triste isso.

Empregos

Recente matéria em jornal de grande circulação tentou convencer os leitores que a região metropolitana tem empregos sobrando, tomando por base um site privado, que divulga vagas de trabalho. Ocorre que, em uma análise mais profunda, nota-se, no tal site, que quase 40% das vagas anunciadas estão duplicadas, ou até triplicadas. Muitas, também, são anunciadas e, depois de fechadas, os empregadores esquecem de retirar os anúncios.

Quer dizer: na verdade, não há tantas vagas em aberto. Da mesma forma, muitas das que estão abertas são para “empregos” baseados unicamente em comissões, ou seja, inviáveis para quem precisa trabalhar para pagar as contas atrasadas e atuais.

Outro dado: há empregos em quantidade razoável para trabalhos extremamente mal remunerados, na base da pirâmide salarial, ou então para altamente qualificados, geralmente na área de tecnologia. Quase nada para trabalhadores especializados ou de nível médio.

E o Moisés?

Ando preocupado com a falta de informações efetivas a respeito do futuro governo de SC. Salvo algumas entrevistas, que são respondidas de forma mais ou menos genérica, até o momento, Carlos Moisés é uma incógnita. Ninguém sabe, realmente, como será o seu perfil como governante. Podemos ter uma boa surpresa, claro, mas, em política, o silêncio costuma ser sinal de problemas. Nenhum político que eu conheço deixa passar oportunidades para divulgar suas iniciativas e intenções.

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