Todas as sextas-feiras João Vitor, de 11 anos, sai de Biguaçu com a família para receber aulas de equoterapia na Cavalaria da Polícia Militar, em Barreiros, São José. A equipe multidisciplinar – formada por psicóloga, pedagoga, fisioterapeuta e professor de educação física – acolhe o menor com diagnóstico de paralisia cerebral como um velho conhecido. Para isso, prepara o material pedagógico a ser usado durante os 30 minutos da aula. Mas antes de tudo, o menino recebe os equipamentos de segurança para montar no cavalo, com a ajuda de uma das especialistas.
A equoterapia é um dos destinos para os cavalos resgatados das ruas através do convênio da Fundação de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de São José com a Cavalaria da Polícia Militar. É um método terapêutico que usa o cavalo em uma abordagem multidisciplinar, nas áreas da saúde, educação e equitação. Simba e Dalila são equinos recolhidos pela Cavalaria e serviram por anos o projeto. Hoje em dia estão aposentados devido ao avanço da idade.
Nas aulas de equoterapia, o pequeno João faz exercícios de alongamento e atividades com brinquedos, que estimulam a memória, a coordenação, a postura, entre outros aspectos. De longe, o pai do menino, Luciano Mello, assiste às aulas, revezando com a mulher o acompanhamento de João, um dos mais jovens dos quatro filhos.
O pai, emocionado, reconhece as mudanças que a equoterapia proporciona para João. “Estava comentando com a fisioterapeuta que percebi como a postura dele mudou na forma de sentar. Antes, ele sentava curvado e hoje se senta de forma ereta; o equilíbrio dele mudou,” observa Luciano.
Tratamento com equipe da FCEE
A equoterapia é orientada por uma equipe multidisciplinar, da Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE), formada pela psicóloga Victória Thereza Zulian, fisioterapeuta Liliane Pazello Gulas, pedagoga Lucineia Pedro Meira e pelo educador físico Carlos Eduardo Wiggers Kato.
Para que o cavalo esteja habilitado a participar do serviço, é necessário disciplina e treinamento. O cabo Daniel Luiz Cé é quem treina o animal para contribuir com o tratamento. Na lida diária, o policial cuida da limpeza, do manejo, treinamento físico e comportamental do cavalo. Também inicia o cavaleiro na montaria, ensinando o encilhamento, a limpeza, de maneira a criar laços entre a dupla.
Quem pode participar
Para ingressar nas aulas de equoterapia, o interessado passa por uma triagem, incluindo o preenchimento de um formulário e uma conversa com os pais. O trabalho admite crianças que tenham entre quatro a 17 anos; as que estejam dentro do segundo e terceiro nível dentro do espectro autista; as que tenham deficiência intelectual ou motora. Os pacientes ficam em média dois anos recebendo o atendimento. Todas as segundas-feiras, os profissionais se reúnem para elaborar as atividades individuais para cada integrante.
Os benefícios da equoterapia são variados. A psicóloga Victoria nota a melhora da sociabilidade da criança; a pedagoga Lucineia percebe os avanços cognitivos; a fisioterapeuta Liliane e o educador físico Carlos identificam o desenvolvimento na parte motora, amplitude de movimento, controles posturais, equilíbrio, ritmo, organização espacial e temporal.
São utilizados nas aulas alguns brinquedos pedagógicos como o bastão, que ajuda no alongamento; a transposição de bolinhas, por um equipamento semelhante a um “passaguá”, uma pequena rede redonda fixa na ponta de uma madeira que auxilia na dissociação da cintura; argolas de várias cores e números, onde o especialista pede aleatoriamente para a criança e ela terá de lembrar qual é o respectivo aro, trabalhando a memória. Todos os brinquedos são trabalhados com o paciente em cima do cavalo.
Atendimento para equoterapia
Interessados na equoterapia em São José devem entrar em contato com a Fundação Catarinense de Educação Especial, por meio do telefone (48) 3664-4860.