Nesta sexta-feira (8/4), a Secretaria de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural anunciou a liberação da área de cultivo de moluscos na Ponta do Papagaio, em Palhoça. A localidade estava interditada para a coleta de mexilhão desde 11 de março devido à alta concentração da toxina ácido ocadáico, presente na chamada maré vermelha.
Segundo a secretaria no momento essa era a única área ainda interditada no estado para mitilicultura. Com isso, foi liberada a comercialização de ostras e mexilhões, incluindo coletas em costões e beira de praia, em todo o litoral catarinense. Foi o segundo período de interdição na Ponta do Papagaio nesse ano., região que tem seu segmento de mitilicultura bastante impactado pelas marés vermelhas com ácido ocadaico em 22.
Maré vermelha e ácido ocadaico
As marés vermelhas são assim denominadas por se caracterizarem como manchas pardas ou avermelhadas na água superficial, formada pelas florações naturais das algas marinhas. Nessas florações, o fitoplâncton pode crescer excessivamente. Em alguns casos, essas espécies proliferam de tal maneira que passam a alterar a cor da água através de seus pigmentos vermelhos, daí o nome “maré vermelha”.
A aparição das marés vermelhas se deve, geralmente, a dois tipos de fenômenos: à importante multiplicação de organismos planctônicos, favorecida por fatores hidrológicos, climáticos e químicos e a uma concentração desses organismos, devida, geralmente, a fatores físicos, meteorológicos e hidrológicos.
A maioria das espécies de fitoplânctons são dinoflagelados e, alguns desses, produzem o ácido ocadaico. O ácido ocadaico é a principal toxina responsável por envenenamento diarréico por consumo de moluscos, uma vez que os mexilhões se alimentam do fitoplâncton.
Nem todo evento de maré vermelha contém ácidos prejudiciais que tornam tóxicos os mexilhões. A frequência do fenômeno tem aumentado nos últimos anos no litoral de Santa Catarina e pode ter associação antropogênica.
Monitoramento
Santa Catarina é o único estado do país que realiza o monitoramento permanente das áreas de cultivo de moluscos. Além da análise de ficotoxinas – como o ácido ocadaico – também é realizado o monitoramento de microrganismos contaminantes. Os mapas com a situação atual dos monitoramentos podem ser consultados no site da Cidasc. O Programa Estadual de Controle Higiênico Sanitário de Moluscos é um dos procedimentos de gestão e controle sanitário da cadeia produtiva, permitindo maior segurança para os produtores e consumidores.
Por Lucas Cervenka – reportagem@correiosc.com.br