A Rua Koesa nunca mais será a mesma. É o que querem empresários, moradores, pessoas que trabalham e convivem nessa via do Kobrasol, em São José. Nessa terça-feira (26/10), orquestrado pelas entidades empresariais Aemflo e CDL-SJ, um projeto completo para a requalificação da rua foi entregue às mãos do prefeito para que implemente a proposta “Viva Koesa”.
Em linhas gerais a ideia não difere da proposta em 2014 da prefeitura em implementar um alargamento das calçadas e padronização da via com piso elevado e paisagismo. O que mudou mesmo, agora, é a conjuntura. O projeto renasceu em 2019 a partir do trade local, que custeou, junto à Aemflo e CDL, a elaboração do projeto arquitetônico e urbanístico. Passaram agora a bola para o prefeito, Orvino Coelho de Ávila, e a câmara de São José realizarem a obra.
Rosana Majolo, responsável por toda a articulação, afirma que a ideia de revitalização da Koesa funcionou porque o empresariado local quis participar. “Foi o ambiente propício com a vontade dos empresários, outras pessoas que vieram dar sua opinião, fez da Koesa um terreno fértil para receber esse primeiro projeto. Nossa visão aqui da Aemflo é uma iniciativa que a gente pretende estender para outras ruas de São José”.
Viva Koesa
Diante de uma urbanização antiga na qual o Kobrasol foi erguido e pouco alterado ao longo dos anos, o projeto Viva Koesa mira alto: uma reforma total dos passeios e pistas de rolamento, de modo a priorizar os pedestres e valorizar o convívio no espaço público – a chamada humanização.
“Intervenção em espaço público deve ser pensada para as pessoas. A rua, mais do que a praça, é o principal espaço de convívio. A tendência da revitalização é priorizar os pedestres”, disse na ocasião da entrega a arquiteta responsável, Juliana Castro. Segundo ela, as quatro diretrizes que nortearam o desenho da requalificação são, além dos pedestres, a garantia da mobilidade, a potencialização da vida na rua e a valorização do paisagismo. Sobre o ponto nevrálgico para os comerciantes – a perda de vagas frente às portas – disse: “conferimos que há muitas vagas na região. Uma vaga em frente ao comércio é uma ilusão. Um carro que para ali tampa a faixada da loja e são 20 pessoas que não andaram por ali, deixaram de ver a loja”.
Como inspiração para o desenho, a equipe do escritório JA8 examinou ruas requalificadas, como a Vidal Ramos, no centro de Florianópolis, a Oscar Freire, em São Paulo, e até mesmo a Times Square, em Nova York. Entre as ações previstas no projeto arquitetônico e urbanístico, estão: aumentar a largura dos passeios, facilitar os cruzamentos com nivelamento, rever o sistema de pisos táteis, fazer a iluminação subterrânea, reorganizar os elementos da rua (postes e placas), estabelecer via para ciclistas, incluir mobiliário urbano e vegetação, entre outras melhorias. A formulação executiva, com a planilha de estimativa de custos, ficou a cargo do escritório de engenharia Autobahn.
Próximos passos
Para o empresariado, o impacto do projeto Viva Koesa traz benefícios de curto, médio e longo prazo, e poderá ser percebido pela melhoria da competividade nas empresas do município, fortalecimento do viés turístico gastronômico, a presença de empresas âncoras formadoras de opinião e estabelecimentos aptos ao conhecimento e inovação. Vários encontros presenciais com empreendedores da região e comunidade ocorreram para dar continuidade ao projeto. Apoiaram marcas de peso como RDO, Café Paris, Dental Kobrasol e Colégio Dom Jaime, entre muitas outras.
Os empreendedores envolvidos fizeram um evento na nova sede das entidades não apenas para a entrega do projeto ao prefeito, mas também para demonstrar que o poder público josefense passe a pensar as revitalizações de ruas como políticas públicas.
“Empresários, moradores e investidores da rua se uniram. É uma ação ímpar. Normalmente as pessoas se unem para cobrar, e ali não, os entes envolvidos criaram um projeto que fosse viável e entregaram para a prefeitura pronto para ser licitado. Penso que é uma oportunidade de São José largar na frente, que essa seja a primeira de muitas. Mas principalmente que o poder público aproveite essa oportunidade para entregar para a cidade um novo conceito de valorização da vida, dos empreendimentos, dos investimentos”, disse José Marciel Neis, presidente da Aemflo e CDL-SJ, ao Correio.
Agora, de acordo com o prefeito Orvino, que afirmou a vontade em cotemplar a proposta, a prefeitura irá avaliar a viabilidade do projeto e possivelmente captar recursos.
Por Lucas Cervenka – reportagem@correiosc.com.br