Duas escolas da rede municipa de São José – o Centro Educacional Municipal (CEM) Santa Terezinha e o CEM Flávia Scarpelli Leite (scola do Mar) – estão, desde 2020, com a execução de um projeto de compostagem, com o apoio do instituto MRV em parceria com o Cepagro (Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo). O objetivo é trabalhar a horta de forma educativa e transdisciplinar, apoiada em três eixos: gestão de resíduos e compostagem, a horta agroecológica e alimentação saudável.
A agrônoma e coordenadora da ação nas escolas, Karina De Lorenzi, ressalta que o projeto agroecológico “Educando e Transformando com a Horta” foi iniciado em 2020, de forma online, com videoaulas. “Já em 2021 retomamos as atividades presencialmente, colocando o projeto em prática com os alunos em sala de aula. Nesse processo surgiu a edição de um vídeo no Santa Terezinha sobre “Nossa História Alimentar – Forquilhas”, contada por antigos moradores que viram o bairro se transformar ao longo dos anos. A próxima etapa será realizada na comunidade onde está inserida a Escola do Mar”.
Com o retorno às aulas presenciais, os alunos dos 5º e 6º anos do CEM Santa Terezinha percorreram todas as salas, para explicar aos colegas sobre a gestão de resíduos orgânicos e a compostagem, desde a separação do que vai para os reservatórios, como todo o processo da compostagem até se transformar em adubo, o qual será utilizado na horta da escola. “Na sala dos professores, no refeitório e na cozinha foram colocados galões para o recolhimento dos resíduos e a caixa de compostagem, se localiza no pátio atrás da unidade, organizada e cuidada por eles. Como há mais demanda trazida pelos pais, estamos pensando em fazer uma composteira maior, até porque o espaço que temos aqui é muito bom”, relatou Karina.
O Supervisor Escolar Cassiano Uberti explica que o planejamento é realizado semanalmente e envolve quatro professoras: Fabiana dos Santos e Clarisse da Luz Nascimento dos 5º anos e Dionia Eli Dorneles e Ana Paula e Silva dos 6º anos. “Desde o ano passado, por meio devideoaulas, os alunos fizeram composteiras em casa. Percebemos que a educação para a separação adequada dos resíduos, com o tempo, vai fazendo sentido, vamos internalizando o processo, que aos poucos se torna parte do cotidiano. Quando percebemos, a nossa produção de lixoem casa é praticamente zero, pois os resíduos orgânicos irão para a compostagem e o reciclável, com a reutilização das embalagens, que devem ser lavadas e secas”.
Para a professora dos 5º anos, Fabiana dos Santos, o projeto é integrador. “Os estudantes estão animados com as aulas diferentes, queenvolvem, inclusive, suas famílias nesse aprendizado, cobrando sua aplicabilidade, pois elas percebem que com engajamento é o melhor caminho, para cuidar do meio ambiente. Essas aulas contemplam as ciências humanas e naturais, que despertam para a curiosidade, gerando muitas perguntas, nos levando a conversas sobre vários conteúdos”.
A proposta vai agregando pessoas, movimentando a escola na multidisciplinaridade, considera ainda Karina. “A compostagem é “ouro”, ela é alimento para as plantas. A horta, de forma educativa e produtiva faz surgir também um olhar para a importância do agricultor, para os cuidados com o meio ambiente. A Escola inserida no Horto Florestal de São José, que é uma área de preservação permanente, nos avisa que precisamos aprender a cuidar do solo, das plantas, e entender que o ser humano é parte do meio ambiente, somos uma coisa só, tudo está interligado”, assinala.
Karina complementa: “Cuidar da natureza faz parte do cuidado que devo ter comigo mesma usando a agroecologia em benefício de todos nós. A agroecologia gera trabalho e sistemas alimentares, que ao estudarmos entendemos a origem dos alimentos, de onde vem, o que podemos consumir e o que não é saudável. Que os restos podem voltar para a horta como adubo e nem tudo vira lixo, então o meu lixo diminui, em um ciclo sustentável”.