O deputado Julio Garcia (PSD), presidente da Alesc, voltou a se manifestar em plenário, nessa terça-feira (6/10), sobre os novos fatos que envolvem seu nome no âmbito da Operação Alcatraz.
Na segunda, o colunista Robson Bonin, da Veja, revelou que a delação premiada de Michelle Guerra ao Ministério Público Federal em fevereiro desse ano continha também denúncia de esquema de entrega de propinas para Garcia e os ex-governadores Raimundo Colombo (PSD) e Eduardo Pinho Moreira (MDB). As propinas seriam pagas pelo sócio de Guerra, Nelson Castello Branco Nappi Júnior, apontado pelos procuradores do MPF como o articular do suposto esquema de corrupção que teria Garcia como um dos beneficiados.
Na semana passada do MPF ofereceu nova denúncia contra o deputado e mais 13 pessoas pelos crimes de corrupção, peculato e fraude em licitação na secretaria estadual de administração. O MPF requereu ainda à Justiça a perda do produto dos crimes ou de qualquer bem ou valor, como as 103 vagas de garagem em edifício no bairro Estreito, que são suspeitas de lavagem de dinheiro. Foi a segunda denúncia em setembro.
Diante da repercussão das novas denúncias e da queda do sigilo dos autos do processo determinada pela Justiça Federal, Garcia foi à publico na sessão ordinária dessa terça novamente se defender.
“Alvo primário”
Em sua manifestação, Julio Garcia contestou todas as denúncias, afirmou que o MPF cometeu excessos, falou de outras operações do MPF em Florianópolis, como a Ouvidos Moucos e a Chabu, sem citar nominalmente, lembrando do suicídio do reitor e de que a segunda foi rapidamente arquivada pelo TRF4. “A investigação e a operação, ainda que seja realizada pelo respeitoso Ministério Público Federal, ela não pode ser considerada como de todo verdadeira e muito menos uma sentença”, disse Garcia.
Em maior trecho do pronunciamento, argumentou que as denúncias não procedem e não significam enriquecimento ilítico, além de que seriam procedimentos ilegais, “despidas de argumentos sérios que as justifiquem (…) e já convictos os investigadores da culpabilidade sem que haja defesa”.
“Sou detentor de uma carreira pública reta e ilibada, não havendo qualquer ato ao longo desses 40 anos de vida pública que possa me envergonhar”, disse. Também acrescentou que sempre foi “alvo primário” das investigações e que as considera estranhas.
Sobre as supostas propinas afirmou: “quanto à segunda denúncia, que trata de fraudes em licitação, também vamos nos deparar com ausência de indícios sérios que permitam antever a minha participação direta ou indireta. Aliás, mencionam apenas uma licitação. Uma licitação cujo valor total é inferior à propina que eles sugerem e que não há sequer um telefone, uma manifestação, uma conversa, uma prova qualquer, nem um resquício de prova, quanto à minha participação. Pura, mera ilação”.
Após o discurso, recebeu manifestações de apoio de outros deputados no plenário. Garcia, por ser presidente do poder legislativo, é quem deve assumir o governo estadual caso o atual governador, Carlos Moisés, seja impichado pela Alesc.