Inaugurado novo centro cirúrgico do Cepon

    Considerada um gargalo no tratamento de pacientes com câncer, lista de espera para cirurgias poderá ser zerada no médio prazo; além do novo espaço, Cepon terá também mais 104 novos profissionais

    Sala de cirurgia com equipamentos novos sobre uma cama; não há ninguém na foto
    O investimento estadual foi de R$ 14,2 milhões, com recursos do programa Pacto por Santa Catarina - Foto: Julio Cavalheiro/Secom

    Na manhã desta terça-feira 922/5), o governador Eduardo Pinho Moreira inaugurou a ampliação do Centro de Pesquisas Oncológicas, o Cepon, em Florianópolis. Com a finalização das obras do Centro Cirúrgico de Alta Complexidade e a chegada dos equipamentos hospitalares, segundo o governo do Estado faltam apenas detalhes para a entrada em operação da nova ala da principal unidade de tratamento de câncer em Santa Catarina. O investimento estadual foi de R$ 14,2 milhões, com recursos do programa Pacto por Santa Catarina.

    O Cepon já conta com ambulatório geral, onde são feitos consultas e exames, e ambulatório de intercorrência oncológica, um local para atendimento de pacientes com complicações em função do câncer. Também há um centro para realização de cirurgias de baixa e média complexidade. Com a inauguração da nova ala, o crescimento da estrutura será substancial: serão mais 10 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), cinco leitos de recuperação pós-anestésica, 18 leitos de internação pós-operatória e uma Central de Materiais Esterilizados (CME).

    Para a diretora Maria Tereza Schoeller, à frente do Cepon nos últimos cinco anos, o novo centro cirúrgico representa o fechamento de um ciclo, já que agora será possível oferecer o que ela chama de um atendimento global, desde o diagnóstico, passando pelas terapias sistêmicas até os procedimentos cirúrgicos mais complicados.

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    “São cirurgias grandes, com abertura de cavidades, que podem levar de quatro a seis horas. O mais importante é que agora vamos ter a retaguarda dos 10 leitos de UTI, que permitirão a esses pacientes se recuperarem mais rapidamente e começarem o tratamento auxiliar da forma mais acelerada possível”, diz a diretora, que afirma também que as cirurgias são aplicadas em parte do tratamento de mais de 40% dos casos de câncer.

    Mais 104 profissionais no Cepon

    O número de funcionários saltará dos atuais 580 para 684, o que significa 104 novos postos de trabalho. A área construída também vai aumentar em 1,5 mil m², passando para um total útil de 13,7 mil m². A manutenção dessa estrutura será possível por conta de um aditivo no contrato do Governo do Estado com a Fundação de Apoio ao Hemosc e Cepon (Fahece), que administra a unidade. O governo diz que hoje são repassados R$ 6 milhões mensalmente, valor que passará para R$ 7,5 milhões a partir de junho.

    A primeira cirurgia da ala de alta complexidade está marcada para ocorrer no dia 18 de junho. Antes, no dia 4, começam os treinamentos dos 104 funcionários. No começo, serão realizados 120 procedimentos ao mês nessa nova estrutura, mas a expectativa é que esse número cresça gradativamente e chegue a 200 por mês até o fim do ano. Isso significa mais do que dobrar a capacidade do Cepon, já que hoje são realizadas, em média, 150 operações ao mês.

    Na opinião da diretora Maria Tereza Schoeller, o centro cirúrgico possibilitará, no médio prazo, zerar a lista de espera do Cepon para cirurgias, considerado até então um gargalo no atendimento.

    Novo centro promete desafogar outras unidades

    O secretário de Estado da Saúde, Acélio Casagrande, declara que o novo centro cirúrgico possibilitará uma melhoria no serviço prestado também em outras unidades públicas, especialmente da Grande Florianópolis, já que hoje elas realizam os procedimentos de alta complexidade. Entre as unidades que terão menos demanda, destacam-se o Hospital Celso Ramos, o Hospital Regional de São José, o Hospital Universitário e a Maternidade Carmela Dutra.

    “Esses locais passam a ter uma folga para atender outras demandas. A partir disso, será possível ter uma maior organização do fluxo, tanto no Cepon quanto do resto da rede. Vale destacar também que nós vamos ampliar a proposta da regionalização, pois os pacientes continuarão a receber atendimento oncológico em cidades como Chapecó, Rio do Sul e São Bento do Sul”, destaca.

    Casagrande também faz questão de salientar que o Cepon já realiza um serviço de excelência, com 10 mil atendimentos mensais. Ele também lembra que o centro foi considerado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), no fim de 2017, como a unidade da rede pública estadual com a melhor gestão.

     

    Desgaste menor no tratamento

    No Cepon há sete anos, o médico equatoriano Diego Alvarez Naranjo é especialista em cirurgias de cabeça e pescoço. Trata principalmente de casos de câncer de tireoide, cujo principal desencadeante é a radiação. Normalmente, as suas operações ocorrem no Hospital Celso Ramos. Agora, ele conta os dias para poder trabalhar em tempo integral dentro do Cepon.

    “Por ser um hospital de grande porte, no Celso Ramos a resolução dos casos é um pouco mais devagar. Esse é um Centro muito esperado, que vai nos dar a facilidade de trabalhar em um só lugar, com um percentual de resolução de casos muito melhor. Agora vamos conseguir fazer o que a literatura mundial diz a respeito das cirurgias”, conta Naranjo.

    Assim como a diretora do Cepon, o médico também destaca que a centralização completa dos serviços na unidade do bairro Itacorubi fará com que haja um desgaste menor por parte dos pacientes. “Às vezes tínhamos que optar por tratamentos alternativos, como quimio e radioterapia, quando não tinha a opção de fazer grandes cirurgias”.

    O trabalho dos voluntários

    Sonia Maria Silveira Mastella tem 74 anos, mas a disposição é de uma adolescente. Quase todos os dias, ela se desloca a uma edificação em frente ao complexo do Cepon. É ali que fica a sede da Associação dos Voluntários do Cepon (Avoc), da qual Sonia é a tesoureira. Mas o trabalho dela vai muito além da mera captação de recursos para ajuda aos pacientes. A principal atribuição de um voluntário é a ajuda física e espiritual aos enfermos.

    “Fazemos visitas nas salas de espera e terapia, acompanhamos os pacientes internados e damos uma palavra de apoio quando se faz necessário. Às vezes o paciente precisa de xampu, creme dental e nós oferecemos também um serviço social”, explica.

    Nas últimas semanas, ela conta que tem um visto uma animação maior por conta da proximidade da inauguração do novo centro cirúrgico. A esperança é um alento para quem aguarda nas listas de espera: “Câncer é uma doença que tem urgência, não espera. Quanto mais rápido você cuidar e tratar, são dias de vida que o paciente ganha. Essa ala cirúrgica vai ajudar muito”.

     

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