Mortes de dois botos em Laguna podem ter ocorrido por colisões com embarcações

    boto morto caído dentro de barco
    Dois filhotes da espécie boto-pescador morreram em fevereiro no complexo lagunar - PM Ambiental/Divulgação/CSC

    Em 20 de fevereiro o comportamento de uma boto fêmea ao não abandonar o filhote morto sensibilizou pescadores e a comunidade de Laguna, local onde há uma relação especial com esses animais. Três dias depois, outro botinho foi encontrado sem vida na região. Após necropsia, ficou constatado que ambos apresentavam fraturas que podem ter sido ocasionadas por colisões com embarcações.

    O primeiro boto-pescador (Tursiops gephyreus) encontrado morto era macho e tinha de 15 a 20 dias de vida. Media 1,45 m e pesava 32 kg. A avaliação constatou trauma mecânico craniano na região temporal, estômago vazio e órgãos sem alterações. No segundo caso, segundo a equipe do PMP-BS/Udesc que atendeu a ocorrência, tratava-se de um filhote macho de boto-pescador, residente na Lagoa de Santo Antônio dos Anjos, com pouco mais de 30 dias e que apresentava marcas pelo corpo de contato social e de atrito com as pedras, além de uma fratura de grande extensão no maxilar e desgastes na mandíbula.

    Para tentar evitar novos registros de mortes de boto-pescador, o Instituto do Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina (IMA) alerta os usuários de equipamentos náuticos, como lanchas e jet skis, para não circular pelo complexo lagunar Santo Antônio dos Anjos-Imaruí-Mirim, e pelo Canal da Barra, em Laguna. Quando for necessário passar pela região, os pilotos das embarcações devem redobrar a atenção e obedecer a velocidade limite.

    Publicidade

    O complexo lagunar é o local onde reside a população de botos-pescadores, estimada entre 52 a 60 indivíduos, que protagoniza um tipo de relação ecológica rara ao cooperar na pesca da tainha. Ao identificar os cardumes, os botos mandam sinais aos pescadores por meio do mergulho ou batendo a cabeça, indicando a presença dos peixes. E então é só jogar a tarrafa.

    Há um ano não havia registro de morte de boto-pescador, desde a elaboração do Plano de Ação Estadual para Conservação da espécie. Em 2018, 16 botos foram encontrados mortos, 10 da população de Laguna. Desses, em três foi identificada interação com apetrecho de pesca, um dos principais focos da fiscalização do IMA e das entidades parceiras, como Ibama e Polícia Militar Ambiental.

    O IMA segue realizando vistorias na região para garantir a conservação da espécie. Em 17 de fevereiro, durante uma das fiscalizações foram apreendidas 14 redes irregulares no Rio Tubarão, sendo nove redes de emalhe irregulares e cinco redes do tipo jerival para pesca de camarão.

    Publicidade
    COMPARTILHAR