Sebrae retoma processos de indicação geográfica em Santa Catarina

    As ostras de Florianópolis, a linguiça de Blumenau, o camarão de Laguna e o mel de bracatinga do planalto sul são alguns dos processos de indicação geográfica em andamento no estado

    abelha voando ao lado de mel escorrendo de espátula
    O mel de melato de bracatinga, de alta qualidade, é produzido em cerca de 45% do território catarinense - Antônio Carlos Mafalda/Mafalda Press/Divulgação/CSC

    Depois da Vales da Uva Goethe, em 2012, e da banana da região de Corupá, em 2018, Santa Catarina prepara-se para viver a era das indicações geográficas (IG). São oito processos em andamento aguardando a obtenção do registro junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) ou em fase de finalização do processo. Todos eles têm a coordenação do Sebrae-SC, em parceria com vários órgãos, dependendo da natureza do produto.

    Dos oito, três têm a região serrana como cenário. “No início da retomada do Programa Sebrae de Indicações Geográficas o foco foi a serra catarinense, que possui uma série de produtos gastronômicos famosos. O mel de melato de bracatinga, a maçã Fuji e os vinhos de altitude foram os principais identificados na época”, recorda Alan David Claumann, coordenador para projetos de IG da instituição. Os três processos contam com a parceria da Epagri, e ainda da Embrapa no caso do vinho.

    Atualmente, estão em andamento mais cinco processos de indicação geográfica: as ostras de Florianópolis; o camarão de Laguna;  a linguiça de Blumenau; a cachaça de Luiz Alves bem como a banana de Luiz Alves.

    Tesouro desconhecido
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    Importante fonte de minerais e de vitamina C, que agem como antioxidante e anti-inflamatório, o mel de melato de bracatinga é um tesouro ainda pouco conhecido dos brasileiros. Felizmente essa espécie de anonimato, em contraste com o sucesso conquistado pelo produto no mercado internacional, principalmente na Alemanha, tem os dias contatos. Tudo porque o mel de melato está a um passo de receber o registro de indicação geográfica, que agregará valor à produção local, atestando aos consumidores as características especiais do produto tanto no que se refere aos aspectos geográficos e de clima quanto às questões referentes ao cultivo e ao manejo.

    dezenas de pessoas sentadas em auditório
    Presente em 102 municípios catarinenses, a produção do melato de bracatinga envolve centenas de famílias e pode também obter o selo de indicação geográfica – Antônio Carlos Mafalda/Mafalda Press/Divulgação/CSC

    Exclusivo do Planalto Sul Brasileiro, esse mel é produzido através da associação de um inseto e de uma árvore nativa com a participação, em sua etapa final, das abelhas. Ou seja, presente no tronco e nos galhos da bracatinga, enquanto se alimenta da seiva, a cochonilha excreta uma substância conhecida como melato. O melato é levado pelas abelhas às colmeias, como ocorre com o pólen das plantas, e lá transforma-se em mel de melato de bracatinga.

    Os bracatingais nativos onde a parceria bracatinga-cochonilha-abelha ocorre estão situados no Planalto Sul Brasileiro, a uma altitude superior a 700 metros. Na área postulante à IG são 121 municípios. Do total, 102 estão em Santa Catarina – 45,3% do território estadual – enquanto no Paraná e no Rio Grande do Sul o número fica em 11 e nove municípios. respectivamente.

    Na opinião do consultor técnico do Sebrae-SC para projetos de IG, Rogério Ern, ao incentivar a organização da cadeia produtiva e o turismo na região a indicação geográfica vai muito além do reconhecimento do produto.

    – A economia da região se fortalece muito – garante.

    por Imara Stallbaum

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