O prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro (DEM), solicitou entrevista coletiva na manhã deste sábado (7/12) para falar sobre o relatório final da operação Chabu, da Polícia Federal, concluído nesta sexta (6) e encaminhado para a apreciação do Ministério Público Federal em Porto Alegre. Nele, além do prefeito, são indiciadas outras 16 pessoas.
Gean Loureiro é acusado dos crimes de corrupção passiva, atrapalhar a investigação e vazamento de informações sigilosas. Ele nega tudo e afirma que não há provas de qualquer irregularidade. Cita que parte do relatório, que corre em segredo de justiça, sustenta que ele teria revelado o início da operação um dia antes (17/6) por ter colocado placas na cidade com as mesmas cores da Polícia Federal, preta e amarela, referentes às obras de asfalto. “Acho que o delegado não é dessa cidade e não deve conhecer a operação asfaltaço”, declara o prefeito.
O prefeito diz estar tranquilo, porque os supostos crimes em que é indiciado no relatório final não apresentam fatos novos e que nem mesmo se embasam na legislação. Por exemplo: é acusado de ter feito um conluio com um grupo internacional que faria um empréstimo à cidade. Ele deu entrada no processo, mas não se efetivou, “porque eu sabia desde o início que aquilo era um golpe e não daria certo”. Outra: é acusado de beneficiar José Augusto Alves, que era cabo eleitoral, com cargo na prefeitura, o que não é proibido. O prefeito inclusive iniciou a coletiva já fazendo uma brincadeira: “bem-vindos à sala secreta, como diz a Polícia Federal, que insiste nisso. Espero que os celulares de vocês estejam funcionando, porque eles dizem que tem bloqueador aqui”.
A Operação Chabu
Em 18 de junho, o prefeito chegou a ser preso por algumas horas na deflagração da operação. Após interrogatório, foi solto no mesmo dia. A justiça também havia autorizado o afastamento de Gean por 30 dias da prefeitura, o que ele conseguiu reverter em cinco e minimizar o desgaste político. Em sua argumentação, tanto MPF quanto a justiça logo reconheceram que não haviam motivos para um arrolamento desse nível. À época, após ser solto, em entrevista ao Correio afirmou que havia dois aspectos sobre a prisão. O primeiro, de ordem pessoal e familiar, era negativo, por ter que encarar a condução à PF e um interrogatório. O segundo, em sua avaliação, é político e não necessariamente ruim, porque conseguiu articular que a prisão fora injusta e desnecessária, uma vez que não havia nenhuma prova contra ele e e nenhum indício de irregularidade que tenha cometido à frente do poder executivo da capital desde 2017. Diz que as pessoas na rua estão reconhecendo isso e reafirmou todos esses pontos na entrevista desse sábado. Diz que só foi indiciado agora para a PF poder justificar a sua prisão à época, mas que o próprio indiciamento é um processo natural da operação. “Continuo, entretanto, acreditando na Polícia Federal, apesar do erro”.
Gean cita diversas vezes o julgamento do desembargador que mostrou infundadas todas as suspeitas com base nas próprias diligências da polícia, por isso MPF e Justiça Federal já deram pareceres favoráveis ao prefeito, que também acredita que em mais alguns meses passará a limpo a Operação Chabu.
“Se eu tivesse preocupação com isso não vinha aqui estar aberto à qualquer pergunta. Eu faço assim na eleição. Eu volto a dizer que o maior adversário na eleição é ser um péssimo prefeito e um péssimo administrador. Fora isso eu tenho tranquilidade. Essa operação não tem nenhuma relação com desvio de recurso público, nenhuma participação da prefeitura no processo e nenhuma caracterização minha de qualquer ato de irregularidade”, diz Gean.
Correio – O senhor acredita que há alguma motivação política por trás da Operação Chabu?
Gean Loureiro – Não, acredito que não. Eu não imagino que a classe política ia conseguir intervir em instituições sólidas, como a Polícia Federal, como o Ministério Público Federal ou o poder judiciário. Acredito que o que houve ali foram indícios que levaram para um caminho de investigação, que com a busca foi comprovado que não tinha nada daquilo. Mas, diante de toda a repercussão, o delegado responsável pela investigação optou em continuar na mesma linha para evitar… Vocês já pensaram se eu não fosse indiciado? Como é que se explicaria o que fizeram comigo e com a minha família? Como é que eles iam explicar? Bom, não tinha nada, mas me tiraram de casa, tiraram todos os bens. Levaram o computador da minha filha de 13 anos, um notebook cheio de florzinha. Né? Deve ser muito perigoso aquele computador. Então assim, como é que eles vão explicar isso? Conseguem explicar indiciando, por isso que nós entendemos que é um processo natural.