Em 2021, 316 pacientes de Covid-19 morreram na fila de espera por leitos de UTI em Santa Catarina. Os dados repassados pelo Ministério Público de SC consideram os pedidos de transferência do início de janeiro a 7 de abril. No total desse período, o estado teve 1.930 solicitações de busca de UTI Covid para pacientes adultos que estavam recebendo assistência médica hospitalar em emergências ou unidades de internação, de acordo com as Centrais de Regulação de Internações Hospitalares.
Evolução do colapso
Os dados mostram como evoluiu o quadro de colapso generalizado do sistema público de saúde em Santa Catarina. A saturação dos hospitais, que já enfrentavam aumento de demanda em dezembro, com altas ocupações dos leitos de UTI, passou a ser insustentável diante de mais casos graves de Covid, gerando fila enorme por leitos – o estado chegou a 380 pacientes graves no aguardo por UTI, entre pessoas acometidas pela Covid e demais problemas de saúde. Umas das possibilidades para o colapso pode ser a chegada da variante P1 do coronavírus no estado, identificada no Amazonas, além de fatores sociopolíticos que agravaram a pandemia em todo o país.
Em janeiro, das 70 solicitações por leitos, três foram encerradas por óbito – isto é, o paciente morreu à espera de um leito especializado de UTI. Em fevereiro foram 36 mortes entre 478 solicitações de leito. O pior cenário ocorreu em março, quando 266 pessoas morreram em Santa Catarina no aguardo por leitos de UTI. Foram 1.276 solicitações no terceiro mês do ano.
Cenário atual
Em abril, apesar de uma diminuição da fila por leitos de UTI na maioria das regiões de Santa Catarina, o quadro de saturação dos hospitais continua. Até 7 de abril, 106 solicitações de leitos foram realizadas no estado, 11 encerradas por óbito.
Nesta quarta-feira (14/4) o governo do estado divulga que há uma ocupação geral de 96,6%: são 1.777 leitos ativos, com 1.717 ocupados, dos quais 1.008 são por pacientes com Covid-19. A região oeste tem a taxa de ocupação em 100%. A região com menor ocupação é a Grande Florianópolis, com 92%.
Já a fila de pacientes graves à espera de leitos de UTI continua alta. Até a manhã dessa quarta eram 134 pacientes à espera de UTI (maiores filas nas regiões de Criciúma e Joinville), além de outros 54 à espera de leitos de enfermaria. Na última matriz de risco, divulgada pela Secretaria de Estado da Saúde no sábado (10), o pior índice, para todas as regiões de Santa Catarina, é a capacidade de atenção do SUS, completamente saturada.
Com um cenário que pouco melhora, a Fiocruz estima que as próximas semanas ainda serão difíceis no Sul do Brasil, com aumento de casos de coronavírus e consequentemente mortes pela Covid. No caso de uma piora na saturação dos hospitais, mais mortes podem ocorrer por falta de leitos de UTI.
Por Lucas Cervenka e Ana Ritti – reportagem@correiosc.com.br